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O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) acredita ser por meio de concursos públicos que a administração pública contribui para a qualificação, segurança e valorização do espaço urbano e dos ambientes. O Concurso Público Nacional de Projetos de Arquitetura e Urbanismo Iconicidades foi lançado pelo governo do Rio Grande do Sul para fazer frente ao desafio de tornar as cidades gaúchas mais inovadoras, criativas e empreendedoras.
A iniciativa visou ressignificar e estimular a retomada de espaços arquitetônicos icônicos nas cidades de Cachoeirinha, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria e São Leopoldo. Para isso, foram selecionados ambientes que são parte da identidade de cada lugar, seja pela localização, pelo estilo arquitetônico ou pelo uso que se fez deles no passado.
Conversamos com os escritórios que venceram o Iconicidades. Conheça agora o Solss Arquitetura, de Porto Alegre, primeiro lugar no concurso para projeto arquitetônico do restauro da Casa da Feitoria/Museu do Imigrante e projeto urbano e paisagístico do parque de São Leopoldo. O escritório tem como sócias fundadoras as arquitetas e urbanistas Patrícia de Freitas Nerbas e Jordana Cristine Winter, que conversaram com o CAU/RS, e conta com uma equipe de parceiros e colaboradores. Confira!
Qual a expectativa para as próximas etapas?
Este projeto está repleto de expectativas que transitam entre questões profissionais pragmáticas e a poesia de criar coletivamente soluções formais pertinentes à paisagem e à história do lugar, buscando atender as expectativas dos diferentes agentes e atores sociais. As próximas etapas são o anteprojeto e o projeto executivo, contemplando o desenvolvimento de 11 projetos.
Quais são os principais desafios agora?
Estamos finalizando a etapa de compatibilização entre as diferentes especialidades envolvidas e equalizando as soluções técnicas com as metas econômicas propostas em edital. O maior desafio está sendo a compatibilização e o prazo estabelecido para o desenvolvimento dos projetos. Como todo o projeto de espaços públicos, há o desafio de articulação entre os diferentes atores e agentes envolvidos neste processo. Ainda outro grande desafio é pensar o projeto em fases. A primeira a ser executada corresponde ao restauro da Casa da Feitoria e a construção do Edifício Anexo. Este projeto deve estar bem articulado com as estratégias propostas para o futuro parque, que oportunize uma rede para a manifestação da paisagem histórico-cultural. No mais, como qualquer outro projeto, os desafios transitam entre questões de ordem técnica e econômica para a implementação de formas pertinentes às estratégias socioambientais apropriadas ao lugar, ao programa e à materialidade propostas.
Como foi feita a imersão no local?
A compreensão do lugar foi dual e dinâmica, por um lado construída pela vivência, desde a infância de uma das autoras e as experiências da equipe no local, somada a leituras comuns aos levantamentos de dados, quantitativos e qualitativos, sobre o lugar e à compreensão da paisagem, da escala regional a local.
Qual o diferencial que tornou o projeto vencedor?
Acreditamos que as espacialidades criadas e as relações com o lugar. A experiência do percurso da paisagem histórica guiou a criação de formas que repousam na paisagem, estabelecendo relações de transições entre o passado e o contemporâneo, o interior e exterior, o construído e o natural. Ainda, os espaços foram articulados a partir dos princípios da flexibilidade espacial, a fim de atender as demandas do programa atual e criar espaços resilientes aos usos futuros, comuns aos espaços coletivos com finalidade cultural. Outro aspecto que consideramos relevante se refere às inovações nas soluções técnicas espaciais sugeridas, sem perder de vista as relações com a história do lugar. Além disso, os meios de expressão gráfica, a linguagem do arquiteto e urbanista, sempre serão fundamentais para ressaltar as qualidades projetuais.
O futuro das cidades é criado coletivamente
Projetos pensados coletivamente são o caminho natural à regeneração das qualidades ambientais, sociais, econômicas e culturais das nossas cidades. Habitamos um lugar, uma cidade, uma região do planeta, fazemos parte de um sistema, um coletivo de seres com diferentes interesses, desejos e visões de mundo. Somente juntos, poderemos transformar nossas cidades. Nós, arquitetos e urbanistas, temos muito a contribuir, pois nossos projetos são pensados nas diferentes escalas das cidades, para as distintas funções que ocorrem no cotidiano da vida em sociedade. Criamos as bases fundamentais para a vida de todas as pessoas, desde o habitar de cada um, aos ambientes de aprendizagem, trabalho, negócios, lazer e às infraestruturas necessárias ao suporte de todas as nossas atividades. Somos felizes por poder construir projetos que podem contribuir com a transformação dos espaços das nossas cidades com foco na qualidade de vida para todos.
Início das obras
O governo estadual é responsável pelo concurso, mas a construção do projeto está sob responsabilidade das prefeituras municipais. No caso de São Leopoldo, o bicentenário da Imigração Alemã em 2024 pode impulsionar o início das obras.