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Rumos 2024: edição de Pelotas amplia debate sobre a preservação do patrimônio histórico cultural

Profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo se reúnem para debates, palestras e oficinas
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Rumos da Arquitetura e Urbanismo integra participantes em dias de muito aprendizado em Pelotas. O evento itinerante do CAU/RS, que oferece palco para debates contemporâneos relacionados à Arquitetura e Urbanismo e oportunidade de qualificação profissional em todas as regiões do estado, aconteceu na região sul nos dias 30 de setembro e 1º de outubro. 

 

Oficina de Fotografia

Logo no início da tarde, os conselheiros do CAU/RS, José Daniel Craidy Simões e Luís Henrique Brock ministraram a Oficina de Fotografia, compartilhando suas experiências fotográficas e saberes das melhores técnicas. Os participantes foram provocados e estimulados a procurarem novas perspectivas quando fotografando pessoas, objetos e estruturas arquitetônicas. A parte prática ocorreu na Praça Coronel Pedro Osório, onde os alunos da oficina puderam aplicar as dicas recém aprendidas e, na sequência, compartilhar suas imagens com todo o grupo.

 

Tira-dúvidas

Simultaneamente à Oficina de Fotografia, o Escritório Regional do CAU/RS sediou a sessão de Tira-Dúvidas sobre RRT, Redes Sociais, PF e PJ. Arquitetos e estudantes puderam esclarecer seus questionamentos diretamente com a equipe de Atendimento e Fiscalização do CAU/RS, que estava presente no local e de forma remota. 

 

Debate incentiva participação local e regional no Planejamento Urbano e Ambiental

A abertura oficial do evento, na noite de segunda-feira (30), o CAU/RS, foi feita pela presidente Andréa Hamilton Ilha e reuniu entidades de arquitetura locais no palco do Clube Caixeiral, patrimônio histórico da cidade. Junto à Associação de Engenheiros e Arquitetos de Pelotas (AEAP), representada por Vivian Magalhães, que também é conselheira do CAU/RS, e do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS – Pelotas), representado por Marisa Potter. Presidente e convidadas falaram brevemente sobre a importância de eventos como o Rumos.

Na palestra de abertura, a presidente do CAU/RS recebeu Luana Detoni, Yves Seraphim e Maurício Polidori para discutir o futuro das cidades. Luana é Arquiteta e Urbanista, professora do departamento de Urbanismo da UFRGS e estuda cidades pequenas e cooperação territorial. Para ela, é necessário ter um planejamento regional para compreender o todo. “Nós precisamos pensar o território de forma compartilhada com nossos vizinhos”, disse a professora durante a sua fala.

Yves Seraphim é antropólogo e trabalha no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). Dedica-se aos processos dos patrimônios culturais imateriais, mas também apresentou casos de patrimônios culturais materiais, como o Centro Histórico de São José do Norte, que precisou ser reconstruído. Ele relatou que o processo incluiu os moradores para entender suas necessidades e como combiná-las com as diretrizes de locais historicamente relevantes. “Se pensa em preservar mas não se pensa em como as pessoas envolvidas estão vivenciando esse patrimônio”, relatou à plateia.

 O professor da UFPel Maurício Polidori concentra seus estudos na área de planejamento urbano e regional, e falou sobre a necessidade de “criar uma nova visão sobre a cidade, não somente um novo plano diretor”. Segundo ele, é mais importante repensar as cidades para os moradores, pois elas não podem ser apenas “negócios”. Concluiu sua fala afirmando que “só há justiça social se houver justiça ambiental”.

A presidente do CAU/RS encerrou a palestra comentando o papel essencial dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo para a realização de um futuro com melhor planejamento urbano e ambiental, especialmente no momento de reconstrução do estado do RS.

 

Caminhada do Patrimônio resgata a história da cidade a partir da Catedral Metropolitana

Em função das fortes chuvas na manhã da terça-feira (01), a Caminhada do Patrimônio foi substituída por um momento de exploração da história patrimonial da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, que fica na Praça José Bonifácio, em Pelotas. A especialista em restauração de edificações históricas, Simone Neutzling, transportou os ouvintes para todas as etapas históricas da Catedral, falou sobre o projeto de restauração da edificação, iniciado em 2009 e que segue em obras, atualmente no assoalho. 

Simone detalhou a importância dos materiais historicamente corretos, de buscar a informação de como realizar cada uma das técnicas e até mesmo de ouvir construtores de antigamente para entender os processos. “Em um projeto de restauração, a gente tem que ter repertório, tem que quantificar, tem que especificar” disse a arquiteta. Além de falar da estrutura da Catedral Metropolitana, relatou experiências de outras restaurações, técnicas preferidas e casos de sucesso.

Em seguida, o Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no RS, Rafael Passos conduziu uma visita pelo Theatro Sete de Abril, que está em processo de restauração desde 2019, concluindo a programação da Caminhada do Patrimônio.

 

Debate sobre Patrimônio cultural abre espaço para troca de experiências entre Arquitetos e Urbanistas da área

Depois da Caminhada do Patrimônio, os conselheiros do CAU/RS, Ariane Pedrotti e José Daniel Craidy Simões, mediaram o debate entre os especialistas Rafael Passos e Simone Neutzling, que falaram de suas experiências com a atuação na área de patrimônio cultural.

Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no RS desde 2023, Rafael Passos relatou os desafios que o Instituto enfrentou nos últimos anos. Também fez uma breve retrospectiva dos patrimônios culturais do RS, falou sobre os critérios que os tornam aptos para o processo de tombamento, bem como o que se faz quando áreas do executivo e judiciário são as responsáveis por decretar o tombamento de uma edificação. 

Simone Neutzling ressaltou a relevância do projeto de restauração para a execução correta e comentou o impacto que a valorização da restauração teve na cidade: “Pelotas mudou muito desde o início dos anos 2000. Hoje, a população entende o valor da preservação do patrimônio. Até mesmo os empresários procuram esses locais e o fazem por saber do valor agregado que essas edificações têm”, revelou Simone. “Não tem como morar em Pelotas e não viver o patrimônio”.

A relevância da capacitação foi mencionada diversas vezes pelos convidados. “Nós precisamos muito de formação continuada quando se fala em patrimônio cultural, inclusive na mão de obra, que é super especializada”, comentou Rafael.

Ariane Pedrotti finalizou o debate relacionando as falas dos convidados com a necessidade de olhar com outros olhos a arquitetura tradicional, ensinada formalmente. “O arquiteto restaurador precisa reaprender a olhar a arquitetura quando se fala em patrimônio, por ser tão diferente do que aprendemos na universidade, que é como criar o novo”.

 

“Me formei, e agora?” guia estudantes e Arquitetos e Urbanistas recém-formados na jornada pós ensino superior

Na tarde da terça-feira (01), no Auditório do Museu do Doce, as conselheiras do CAU/RS, Carline Carazzo e Rafaela Ritter, conduziram um diálogo sobre os passos que devem ser tomados ao se graduar em Arquitetura e Urbanismo. Além de explicar as ações práticas da rotina de um recém graduado, as Arquitetas e Urbanistas explicaram os possíveis campos de atuação na área, a ética no exercício da profissão e a importância das documentações de responsabilidade técnica na profissão. A cartilha “Me formei, e agora?” também está disponível na Biblioteca Digital do CAU/RS.

 

Oficina EPA envolve participantes em atividades lúdicas sobre estruturas

Estevan Barin ministrou a oficina sobre a Plataforma Estruturas para Arquitetos (EpA), criada por ele, que além de Arquiteto e Urbanista, também é mestre em Engenharia Civil e diretor da EArquitetos. O professor apresentou de maneira dinâmica alguns sistemas estruturais básicos, que absorvem e transferem cargas sozinhos. Com participação da plateia, o corpo humano serviu de modelo para mostrar como operam empuxo, peso e tração em estruturas como cabos e arcos, e como essas estruturas se traduzem em economia de materiais e custos nas obras. A oficina encerrou a programação do Rumos da Arquitetura e Urbanismo Pelotas. 

 

A última edição do Rumos esse ano será em Passo Fundo, no mês de novembro. Participe!

Galeria de Fotos

Fotos: Sunci Alves e Luciano Antunes

 

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