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Pesquisa de 20 anos mapeou os concursos de arquitetura realizados no Rio Grande do Sul desde 1950.
Concursos públicos de arquitetura realizados no estado entre 1950 e 2016 são objeto de pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O cenário do projeto “Arquitetura de Concursos” é bastante amplo, pois envolve a investigação e documentação de concursos realizados pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS), por outras municipalidades e entidades e até mesmo a participação de equipes gaúchas em concursos relevantes fora do estado.
A motivação para a pesquisa coordenada pelos professores Luciana Miron (PROPUR/UFRGS) e Sérgio Marques (PROPAR/UFRGS) veio da falta de registro desses concursos, tanto no que diz respeito aos seus editais, regulamentos, atas dos júris e divulgação dos resultados quanto à documentação dos projetos premiados e mencionados. O projeto deu origem ao site ArqConcursos, que reúne o acervo derivado da pesquisa e categorizado por anos, desde 1950.
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Um pouco de história
A geração pioneira da arquitetura moderna no Rio Grande do Sul se formou no começo da década de 1950, com a criação da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. “Era uma geração muito bem preparada para o ofício e o fazer. O momento era de afirmação da arquitetura moderna e também da própria arquitetura, que ainda não estava regulamentada. Foi, portanto, uma geração que produziu muito e documentou muito pouco”, conta o professor e pesquisador.
Além disso, o Rio Grande do Sul, assim como o restante do Brasil, nunca teve uma tradição de constituição de acervos e centros de documentação, como acontece em países de primeiro mundo (Fundação Le Corbusier, em Paris, e o Centro Canadense de Arquitetura, em Montreal, para citar alguns exemplos). No Brasil, as experiências são bem mais reduzidas e se concentram no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Sérgio comenta que a ideia de constituir um acervo das produções arquitetônicas oriundas de concursos surgiu no final da década de 1990: “Percebemos, na Escola de Arquitetura da UniRitter, que os concursos eram produção importante que não estava sendo documentada em lugar nenhum”. Foi nessa instituição – pioneira na criação de laboratórios para promover ações de ensino, pesquisa e extensão e com o posterior apoio da UFRGS e do IAB RS – que a pesquisa começou a dar seus primeiros passos.
Da UniRitter para a UFRGS
“Foram 20 anos organizando o acervo. O projeto iniciou na UniRitter e, depois de um trabalho de transição, foi continuado exclusivamente na UFRGS. Se não fosse esse acervo, toda a produção de concursos importantes – como o Jockey Club, o Muro da Mauá, o Porto dos Casais, o Parque Marinha do Brasil, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o Palácio da Justiça – não estaria disponível nem na atualidade nem no futuro”, explica Sérgio.
Luciana conta que começou seu envolvimento com a pesquisa em 2013, coordenando a estruturação do acervo com bolsistas e alunos voluntários da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Para ela, a importância do trabalho está em conhecer a história da produção arquitetônica gaúcha, possibilitando o acesso dessas informações sobre o patrimônio arquitetônico para a comunidade de arquitetos e urbanistas, bem como para a sociedade em geral. “Mesmo os projetos de concursos que não tenham sido construídos, representam um material rico em termos de exercício projetual, possibilitando um repertório para estudantes, arquitetos, pesquisadores e demais interessados em arquitetura”, destaca.
Os desafios da pesquisa
Uma grande pesquisa se depara com grandes desafios. A professora conta que o primeiro deles foi conseguir acessar os projetos das equipes vencedoras de concursos públicos de arquitetura. “Os concursos mais antigos foram os mais difíceis porque esse material nem sempre é registrado e mantido pelas equipes que participaram dos concursos. Felizmente, com a parceria do IAB RS, foi possível já considerar no próprio regulamento dos concursos a possibilidade dos projetos participantes fazerem parte do acervo. Além disso, com o avanço da tecnologia da informação, a disponibilização de arquivos digitais facilitou em muito a elaboração das fichas de registro”, celebra.
O acervo possui um sistema de monitoramento e critérios para seguir sendo alimentado, no futuro, por outros pesquisadores. A pesquisa está concluída, mas os professores seguem em busca de apoio para dar continuidade ao trabalho e publicar o e-book do projeto.
Dissertações e publicações
A pesquisa resultou na defesa de mestrado de Simone Mollerke sob a orientação de Luciana Miron. A dissertação Análise da Retórica como Metodologia em Projetos Urbanos de Concursos no Rio Grande do Sul: Estudo de Caso no Acervo de Arquitetura de Concursos – Período de 2006 a 2016 (PROPUR/UFRGS) foi publicada também na Revista Oculum Ensaios, da PUC-Campinas.
Todas as publicações relacionadas à pesquisa e ao ArqConcursos estão disponíveis no site: www.ufrgs.br/arqconcursosrs/publicacoes.