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O Viaduto Otávio Rocha é patrimônio tombado e cartão-postal do Centro Histórico de Porto Alegre.
A prefeitura de Porto Alegre iniciou nesta semana testes de pintura para revitalização do Viaduto da Borges, localizado na Av. Borges de Medeiros no cruzamento com a Rua Duque de Caxias. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) defende políticas públicas de preservação do patrimônio histórico gaúcho com o devido processo de acompanhamento por parte de profissionais qualificados para a atividade de restauro.
A prefeitura não divulgou detalhes sobre a obra, mas garantiu que o trabalho abrange mais do que a pintura da estrutura. No entanto, até o momento não há indícios de que os testes realizados na edificação sejam reversíveis, como comenta o arquiteto e urbanista e conselheiro do CAU/RS, Lucas Volpatto.
O arquiteto destaca que, quando o tema é restauração, é preciso tomar cuidado com cada parte que compõe o objeto. “No caso do Viaduto, a gente pode falar de questões que são autênticas do projeto, como os materiais utilizados desde a sua concepção, que, embora substituídos ao longo do tempo, continuam mantendo a leitura original do projeto, pensado pelo arquiteto Manoel Itaqui na década de 1920. A edificação chega até os dias de hoje com esse revestimento, esse material que é o Cirex ou simili-granito”.
O Viaduto da Borges é um equipamento urbano complexo. “Ele tem diversas manifestações patológicas que vem da sua construção, o que é comum em qualquer obra e que aumentam no decorrer do tempo se não houver manutenções. O Cirex, como qualquer material que imita pedra, é poroso, e é difícil deixá-lo com um aspecto limpo se você não tem uma manutenção periódica, de rotina”, reforça.
“Antes de fazer qualquer teste na edificação histórica, é preciso verificar se ele é reversível. Em segundo lugar, é necessário um acompanhamento técnico com um profissional de Arquitetura e Urbanismo que tenha essa habilitação específica. Em terceiro lugar, o equipamento deve passar por um diagnóstico completo antes de qualquer intervenção. Pintar uma superfície porosa, que foi executada para não receber pintura, é uma contradição da preservação do patrimônio, que pede a manutenção da leitura de todos os elementos que remetem ao projeto original”, finaliza.
O Gerente de Fiscalização do CAU/RS, arquiteto e urbanista Oritz de Campos, conta que a equipe está trabalhando no caso desde quarta-feira (16). “Acompanhei a vistoria no local hoje pela manhã e de imediato estamos buscando junto à PMPA os responsáveis técnicos e informações acerca do serviço que está sendo executado”.