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Para entrar na história: Porto Alegre recebe, pela terceira vez, nova edição do Congresso Brasileiro de Arquitetos

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A capital gaúcha já foi palco do CBA em 1948 e 1969 e sediará novamente o evento em 2019.

Foi em Porto Alegre, no ano de 1948, que o Brasil formou sua primeira turma de urbanistas. Oscar Niemeyer, compreendendo a grandiosidade e importância histórica do momento, aceitou ser paraninfo e percorreu uma longa viagem de táxi de São Paulo a Porto Alegre para realizar o feito.

Naquele mesmo ano, foi realizado em Porto Alegre, pela primeira vez na cidade, o 2º Congresso Brasileiro de Arquitetura (CBA). O evento voltou a acontecer na capital gaúcha em 1969, já na sua 8º edição, conforme registros do jornal Folha da Tarde. Em 2019, Porto Alegre sediará novamente o Congresso, agora em sua 21ª edição. Conheça um pouco da história do CBA e como ele se consagrou como o maior evento de arquitetos e urbanistas do país.

Congresso diferente: jornal Folha da Tarde, de 15 de outubro de 1969, destaca o 8º CBA. Foto: Acervo IAB RS

INSCRIÇÕES – 21º CBA

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Um pouco de história: 2º Congresso Brasileiro de Arquitetos

No dia 20 de novembro de 1948, no Auditório Tasso Corrêa, do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, dava-se início ao 2º Congresso Brasileiro de Arquitetos, que seguiu até o dia 27 com a presença de Jorge Machado Moreira, Eduardo Kneese de Mello, Icaro de Castro Mello, Carmen Portinho, Ildefonso Aroztegui, entre outros.

A vinda de Oscar Niemeyer era aguardada no final daquele ano, mas sua presença não foi possível. Veio inicialmente o então Secretário do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Eduardo Corona, e no evento o seu presidente, Firmino Fernandes Saldanha (1905-1985). O CBA é, desde sua primeira edição, promovido pelo IAB.

A escolha da sede: Porto Alegre

O CBA mantém sua tradição histórica de provocar arquitetos e urbanistas a repensar a cidade e o fazer profissional. Muita coisa mudou de 1948 para cá, mas muitas demandas ainda permanecem. A imprensa gaúcha, por exemplo, esteve fortemente presente na cobertura do evento e questionou o Secretário Eduardo Corona sobre a escolha de Porto Alegre como sede do evento. A resposta consta no arquivo do jornal Correio do Povo (26/10/1948):

“A escolha de Porto Alegre para sede desse conclave nos foi imposta por ser esta capital a mais necessitada entre todas de um impulso e um esclarecimento no que se refere ao aspecto arquitetônico. Porto Alegre, nesse particular está atrasadíssima. É uma cidade em câmara lenta. Tudo chega em último lugar. Precisamos mostrar ao povo porto-alegrense o que é a nova arquitetura e o que já se fez no Brasil, qual é a nova realidade técnica. É urgente evitar-se que a nossa cidade seja vítima, como tem sido, dos mais recentes monstrengos construídos em nosso país”.

Na mesma entrevista, Eduardo destacou os temas e convidados do evento:

“Aqui serão debatidos os problemas importantes da Arquitetura e do Urbanismo pelos mais autorizados profissionais brasileiros, arquitetos e urbanistas de renome mundial, como sejam Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, José de Souza Reis, Jorge Moreira, Marcelo Roberto etc”.

Foto: Acervo IAB RS

Registro de uma época

O arquiteto Fernando Corona tinha o hábito de escrever em seu diário e nele relatou os preparativos do Congresso que movimentou a capital gaúcha naquele final de ano. Confira alguns trechos do texto, que está disponível no blog do professor Círio Simon:

“No mês de outubro chega a Porto Alegre meu filho Eduardo como Secretário do Instituto de Arquitetos do Brasil. Traz credenciais para organizar aqui o 2º Congresso Brasileiro de Arquitetos. A primeira visita que fez foi ao Dr. Tasso Corrêa, diretor do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, solicitar a sede como o local mais apropriado para a realização do Congresso. Tasso ficou encantado com a ideia, pois ele fora o fundador dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo em nosso Estado”.

Fernando Corona frisou em seu diário a importância do momento vivido para a história da Arquitetura e Urbanismo de todo o país:

“Até o dia 27 de novembro não houve um momento de descanso. Os temas abordados, mastigados nas Comissões, eram debatidos no plenário na mais seria conscientização de cada um e o Congresso foi um êxito, onde inclusive os estudantes se deram conta que a profissão de arquiteto é de um poder criador inesgotável.

Na sessão de encerramento, lá pelas tantas, após muitos discursos, eu que já havia recebido do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de Porto Alegre o título de Sócio Honorário, pedi a palavra para falar rapidamente sobre a obra didática feita pelo Instituto de Belas Artes para a final propor ao Plenário que concedesse ao Dr. Tasso Corrêa o título de Arquiteto “honoris-causa”, o que foi aprovado por unanimidade.

Eduardo, em sua entrevista ao Raul Riff, disse: “Ninguém sabe que em Porto Alegre existe o mais honesto curso de arquitetura que qualquer estudante possa procurar. Será neste ano que aqui no Rio Grande do Sul, o primeiro Estado do Brasil a diplomar uma turma de urbanistas, coisa conhecida até no Rio de Janeiro”.

Há necessidade ter em mente tudo isto para entender o sentido da viagem de táxi, de São Paulo até Porto Alegre, realizada por Oscar Niemeyer para ser o paraninfo dos formados pelo Curso de Urbanismo Superior do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul da 1ª turma de Urbanistas do Brasil”.

Por que participar do Congresso Brasileiro de Arquitetos?

Com uma programação de quatro dias, o evento acontece de 09 a 12 de outubro em diferentes lugares do Centro Histórico de Porto Alegre. Para quem não tem dúvidas de participar, as inscrições estão abertas no site oficial do evento: www.21cba.com.br. Para aqueles que ainda estão por fora da programação, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) destacou algumas ações, palestras e atividades imperdíveis. Clique aqui e confira.

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