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No último final de semana, a sessão gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB RS) realizou a entrega do Prêmio José Albano Volkmer, ao qual concorreram arquitetos gaúchos recém-formados que receberam em suas faculdades a Menção Honrosa pelo melhor trabalho de conclusão de curso em 2017.
Foram mais de 30 projetos participantes da etapa estadual do Prêmio, que teve como vencedor o trabalho “Memória e paisagem: revitalização da Ilha da Casa da Pólvora”, do arquiteto Pedro Paulo Leggerini Luzardo Oliveira, orientado pelo professor José Carlos Marques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
A cerimônia de premiação ocorreu na sede do IAB RS, onde foi anunciado o vencedor e o trabalho Destaque, concedido a “Paisagem Multifuncional em Campinas: plano de infraestrutura verde-azul”, de Paulo Carvalho, orientado pela professora Daniele Tubino, da Unisinos. Após a cerimônia, os trabalhos concorrentes e premiados puderam ser conferidos em uma mostra e, em seguida, ocorreu a performance “Felipa: imagem, som e movimento” com Clarissa Ferreira, Paula Pinheiro e Paula Finn, e o show da Banda Encruzilhada do Samba.
O presidente do IAB RS, Rafael Passos, destacou a história do prêmio, nomeado em homenagem a José Albano Volkmer, que foi presidente do IAB RS em três ocasiões e docente de diversas faculdades de arquitetura. Rafael anunciou, ainda, que a partir do próximo ano as escolas poderão indicar até três trabalhos para concorrer ao prêmio, ao invés de apenas um. “As bancas de graduação de cada curso indica os trabalhos. E a partir da próxima premiação, com essa possibilidade de três trabalhos indicados por escola, isso aumenta a diversidade. Às vezes há bons trabalhos no mesmo nível e a escola precisa escolher apenas um”, explicou.
TRABALHO VENCEDOR
O projeto vencedor é uma intervenção na Ilha da Casa da Pólvora, uma das trinta ilhas espalhadas pelo lago Guaíba, situada a pouco mais de 1 km do cais de Porto Alegre e da Usina do Gasômetro. A estrutura do local é composta por três edificações, o Paiol da Pólvora, a Casa da Guarda e a Casa da Chácara, construídas em 1852. O arquiteto Pedro Paulo relata que a Ilha recebeu melhorias pelo programa Pró-Guaíba, mas elas acabaram não sendo levadas adiante e atualmente o local se encontra abandonado e fechado para o público.
“O projeto surgiu porque eu tinha muita vontade de trabalhar com algum equipamento do Guaíba e comecei a pesquisar a respeito. Daí eu me deparei com o Pró-Guaíba, que foi um programa de revitalização e despoluição do Guaíba e que incluía uma revitalização sócio-econômica da região”, relata. As construções da Ilha, que faz parte do Parque Estadual Delta do Jacuí (PEJD), foram restauradas, mas a administração das Unidades de Conservação da Região Metropolitana foi transferida da Fundação Zoobotânica para a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), ainda nos anos 2000.
“Então fecharam o acesso público à ilha. A ideia era que se reformassem essas construções para que fossem feitos museus que retratassem o ecossistema. Mas isso foi interrompido, nunca chegou a funcionar, os terrários ficaram vazios”, conta o arquiteto. Em seu projeto, foi estudado o plano de manejo do parque, que continha dois principais polos de atividades: situado ao sul e vinculado ao Paiol da Pólvora e à Casa da Guarda, estabelece-se o Museu do PEDJ, voltado ao turismo ecológico e cultural e ao lazer; e situado ao norte e vinculado à Casa da Chácara se estabelece o Centro de Pesquisa PEDJ.
Já existia, no plano feito a partir do Pró-Guaíba, a intenção de fazer uma trilha conectando o norte ao sul da ilha. Isso, segundo Pedro Paulo, serviu de base para o projeto. “Eu pensei em dar uma escala maior para isso, dei uma ampliada na escala do projeto, mas o uso inicial, proposto pelo plano de manejo, se manteve, assim como o desenho da trilha”, afirma.
Ele lamenta que as reformas que ficaram prontas em 2000 já estão se deteriorando, como as trilhas de madeira e o trapiche de acesso. “Dizem que é cheio de pulgas o Paiol da Pólvora, que é onde seria o museu. Tem dois caseiros, mas está bem largado. O projeto chegou a ser concluído, mas na hora de botar os espécimes, foi interrompido, a Sema barrou”, conta.
Em seu parecer, o júri que escolheu o trabalho como vencedor apontou que o projeto “revela sensibilidade no desenho e na inserção dos elementos construídos na paisagem” e “considera de forma coerente a escala dos elementos naturais e construídos pré-existentes como condicionante de sua arquitetura”. A comissão julgadora considerou que a espacialidade e acessibilidade propiciadas pelo sistema de passarelas elevadas são destaques na proposta.