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Sir David Alan Chipperfield CH é o grande vencedor do Prêmio Pritzker de Arquitetura 2023, considerado a maior honraria da profissão. O anúncio do 52º ganhador da premiação aconteceu nesta terça-feira, dia 7 de março, e a cerimônia em sua homenagem acontecerá em maio deste ano, em Atenas, na Grécia.
Segundo o júri, Sir David Alan Chipperfield fez seu trabalho e o faz equilibrando relevância e estatura. “Opera ancorado no corpo de conhecimento da disciplina que requer inteligência e modéstia. Avança o preexistente, projeta e intervém em diálogo com o tempo e lugar enquanto cria estruturas capazes de durar fisicamente e culturalmente”. David é um arquiteto com preocupações cívicas, um planejador urbano e ativista com extenso portfólio de projetos construídos que inclui mais de cem obras, abrangendo quatro décadas, em três continentes e diversas tipologias diferentes.
Reconhecido por sua abordagem sutil, porém poderosa, discreta e elegante e, ainda, por seu compromisso com uma arquitetura de presença cívica discreta, mas transformadora, sempre feita com austeridade, evita movimentos desnecessários e mantêm-se longe de tendências e modismos. David Alan foi nomeado Cavaleiro por seus serviços ao mundo da arquitetura em 2010 e recebeu a Medalha de Ouro Real da RIBA em 2011. Foi curador da 13º Bienal de Arquitetura de Veneza em 2012 e nomeado para a Ordem dos Companheiros de Honra em 2021.
Para o vencedor “arquitetos não podem operar fora da sociedade. Precisamos que a sociedade venha conosco. E sim, talvez possamos provocar e reclamar, e podemos encontrar modelos. Mas precisamos de uma estrutura de planejamento, precisamos de ambições, precisamos de prioridades. No fundo, o que temos a esperar agora é que a crise ambiental nos faça reconsiderar as prioridades da sociedade, que o lucro não seja a única coisa que deve estar motivando nossas decisões”.
Vida e obra
Sir David Alan Chipperfield CH nasceu em Londres e foi criado em uma fazenda rural em Devon, sudoeste da Inglaterra. Celeiros e anexos com lembrança da infância moldam sua primeira forte impressão física da arquitetura. Ele se formou na Kingston School of Art em 1976 e na Architectural Association School of Architecture, a mais antiga escola independente de arquitetura do Reino Unido e uma das mais competitivas e prestigiadas do mundo, em Londres, em 1980.
A colaboração sempre foi fundamental para a sua prática. Durante quatro décadas, ele produziu mais de cem obras, que são expansivas em tipologia e geografia, desde edifícios cívicos, culturais e acadêmicos a residências e planejamento urbano em toda a Ásia, Europa e América do Norte.
“Desenhar não é inventar cores e formas. Trata-se de desenvolver uma série de questões e ideias que têm um certo rigor e consequência para elas. E se você pode fazer isso, não importa o caminho que você segue, contanto que você siga bem o caminho e tenha sido importante no processo”.
Ele trabalhou com Douglas Stephen, Norman Foster, ganhador do Prêmio Pritzker de 1999, e o falecido Richard Rogers, ganhador do Prêmio Pritzker de 2007, antes de fundar David Chipperfield Architects em Londres, em 1985, que mais tarde se expandiu para escritórios adicionais em Berlim (1998), Xangai (2005 ), Milão (2006) e Santiago de Compostela (2022).
O início de sua carreira começou na Sloane Street, projetando um interior de varejo para o falecido Issey Miyake levando a trabalhos arquitetônicos no Japão. O River and Rowing Museum (Henley-on-Thames, Reino Unido, 1989–1997) marcou seu prédio inaugural em seu país natal. Ele continuou seu trabalho no exterior com sucesso inicial para a reconstrução e reinvenção do Neues Museum (Berlim, Alemanha, 1993–2009) e da recém-construída James-Simon-Galerie (Berlim, Alemanha, 1999–2018). Ele credita seu elevado senso de responsabilidade a esses anos de formação profissional, construindo em outros países para outras culturas.
Recentemente seu projeto venceu o concurso do Museu Arqueológico Nacional de Atenas, na Grécia, a seleção internacional para transformar o Parlamento do Canadá, em Ottawa, e seus escritórios projetaram a arena dos Jogos Olímpicos de Inverno de Milão 2026.
Prêmio Pritzker
O Prêmio Pritzker é concedido anualmente desde 1979 a um profissional vivo, independentemente de sua nacionalidade, cuja obra construída produziu contribuições consistentes e significativas para a humanidade por meio da arte da arquitetura.
O arquiteto americano Philip Johnson foi o primeiro arquiteto a ganhar o Prêmio Pritzker. Desde então, arquitetos de 20 países receberam a premiação, dos quais apenas seis arquitetas: a falecida Zaha Hadid (2004), Kazuyo Sejima (2010 junto com Ruye Nishizawa), Carme Pigem (2017 junto com Ramón Vilalta e Rafael Aranda), Yvonne Farrell e Shelley McNamara (2020) e Anne Lacaton (2021 al lado de Jean-Philippe Vassal).
O júri da premiação é presidido pelo arquiteto chileno e vencedor do Pritzker 2016 Alejandro Aravena e com direção executiva de Manuela Lucá-Dazio. Compõe ainda o júri: Barry Bergdoll, professor de história da arte e arqueologia da Universidade de Columbia; Deborah Berke, arquiteta e acadêmica americana com reconhecimento internacional; Stephen Breyer, ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos; André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Governo do Brasil; Kazuyo Sejima, arquiteta japonesa e vencedora do Prêmio Pritzker 2010; Benedetta Tagliabue, arquiteta italiana com reconhecimento internacional e Wang Shu, arquiteto chinês laureado com o Prêmio Pritzer em 2012.