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O CAU/RS preparou uma série de reportagens especiais em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Para as entrevistas, foram selecionadas Arquitetas e Urbanistas premiadas por entidades representativas do setor em 2015. Acompanhe!
Ana Lore Burliga Miranda é natural de Porto Alegre (RS), mas cresceu em Taquara, cidade do interior do Rio Grande do Sul. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UniRitter em 1985, Ana Lore tem especialização em Consolidamento e Recupero Edilizio pelo The ART Institute of Florence, na Itália, e pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores pelo IPOG, em Porto Alegre. Foi o convívio com o avô que despertou o interesse da arquiteta na profissão. “Meu avô materno, Joseff Burliga, era construtor. Quando criança, ele me levava e buscava da escola e as paradas obrigatórias eram em suas obras”, relembra.
Acompanhe a entrevista completa com a arquiteta e urbanista Ana Lore Miranda, uma das finalistas do concurso “Imagem da Capa 2016”, promovido pela AAI Brasil/RS – Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil no Rio Grande do Sul.
Ana Lore Miranda – Paixão pela Arquitetura vem de casa
CAU/RS: Ana Lore, de que forma começou a sua trajetória profissional? Houve algum incentivo pela escolha do curso de Arquitetura e Ubanismo?
AL: Meu avô materno, Joseff Burliga, era construtor. Quando criança, ele me levava e buscava da escola e as paradas obrigatórias eram em suas obras. Acabei me interessando pela Arquitetura através da construção de suas casas. O incentivo familiar estava voltado para a Medicina, uma vez que tenho pai médico. Mas esta outra área foi o meu caminho.
CAU/RS: Na faculdade, quais áreas despertaram inicialmente o teu interesse? Algum professor ou professora em especial?
AL: Projeto Arquitetônico Residencial Unifamiliar e Multifamiliar sempre foi o meu ponto forte, tanto que, hoje, 70% da minha produção como arquiteta é residencial. Mas, enquanto aluna na UniRitter, admirava todos os professores. Gostava, em especial, de Urbanismo com o professor Douglas Vieira de Aguiar.
CAU/RS: Estamos nos aproximando do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Tendo em vista que mulheres são a maioria dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo em atividade no Rio Grande do Sul, para você, o que as atrai na escolha desta profissão?
AL: Acredito que a paciência e o capricho estejam entre as virtudes femininas que melhor se encaixam na profissão. A mulher tem isso, muito mais que os homens. Um canteiro de obras limpo, uma reforma bem organizada, um cuidado com o projeto e com o cliente são nossos pontos fortes ou favoráveis.
O ato de cuidar é essencialmente feminino. Assim, acabamos cuidando também do cliente, do projeto, do acabamento, dos gastos, do investimento feito em nossa capacidade de criar e realizar.
“Existe sempre uma resistência por parte dos homens dentro do canteiro de obras em obedecer e acatar ordens de uma mulher. Cabe a cada uma de nós aperfeiçoar e melhorar essa atuação.”
CAU/RS: Você sente algum preconceito no cotidiano profissional por ser mulher?
AL: Não sinto preconceito como profissional na elaboração de projetos. Como já disse, temos algumas vantagens, tanto que somos maioria no Rio Grande do Sul e também em outros estados do Brasil. Mas existe sempre uma resistência por parte dos homens dentro do canteiro de obras em obedecer e acatar ordens de uma mulher. Cabe a cada uma de nós aperfeiçoar e melhorar essa atuação.
CAU/RS: Ainda sobre as mulheres, há alguma profissional que seja inspiração para o teu trabalho?
AL: Gosto de ícones como a iraquiana Zaha Hadid e a ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. Também de arquitetas que seguem trabalhando aos 90 anos de idade ou mais, como é o caso da senhora Clara Nilda Jorge Brodbeck em minha cidade e de profissionais estilosas e cheias de criatividade em Arquitetura de Interiores, como a paulista Débora Aguiar.
CAU/RS: Algum projeto, em especial, já marcou tua carreira? Por quê?
AL: Ter criado uma peça de mobiliário institucional e ter sido classificada no primeiro concurso desta categoria em São Paulo (MOVESP – 1º lugar Móvel Institucional – cama modular para exames clínicos) foi, sem dúvida, algo marcante, pois eu tinha apenas 25 anos e estava iniciando minha carreira.
Outras situações foram os concursos que tirei primeiro lugar projetando Praças Públicas. Quem não se orgulha de ter um desses trabalhos expostos na II Bienal de Arquitetura do RS no MARGS?
CAU/RS: Ana Lore, o que te realiza como profissional?
AL: Hoje, o que me realiza profissionalmente é acertar no objetivo final. Cumprir a meta, cumprir o prazo, cumprir o contratado pelo cliente. Sou muito prática.
CAU/RS: Para encerrar, é possível indicar algum caminho para a Arquitetura e Urbanismo? Como mulher, alguma orientação para as meninas que estão começando no curso ou para as que tem desejo de se profissionalizar na área?
AL: Existem vários caminhos para a Arquitetura nos dias de hoje e aconselho as estudantes mulheres a aprofundar o conhecimento em Arquitetura Sustentável, principalmente. Pesquisar, projetar são grandes desafios, mas executar é o maior deles. Ir para a rua acompanhar a construção do seu projeto é fundamental.