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Luciana Fonseca Hoff nasceu em Pelotas (RS) e cursou Arquitetura e Urbanismo em sua cidade, na UFPel. Desde pequena gostava de se arriscar a “projetar” em folhas quadriculadas esboços de casas de bonecas e a ideia de ser arquiteta nunca foi posta em dúvida. “A maior parte da minha família é da área do Direito, mas nada me tirava a ideia fixa de ser arquiteta. Essa sempre foi minha primeira e única opção”, conta.
A arquiteta Luciana Hoff formou-se em 2010 e já possui pós-graduação em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho da Construção, pelo IPOG, em Porto Alegre. Além disso, venceu o prêmio Arquiteto e Urbanista do Ano de 2015, promovido pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande Sul (SAERGS), na categoria “Jovem profissional”. Acompanhe a entrevista completa!
Entrevista com Luciana Hoff – Os caminhos de uma premiada jovem profissional
CAU/RS: Luciana, quais áreas despertaram teu interesse dentro do curso? Houve algum professor marcante na UFPel, em especial?
LH: Durante a faculdade, eu gostava muito das disciplinas de projeto e criação. Cada professor teve sua marca em minha trajetória, mas eu me identificava mais com aqueles que tinham a mente aberta, com os que estavam sempre dispostos para conversar, esclarecer e ajudar. A relação professor/aluno é muito importante para o estudante se encontrar dentro do curso.
CAU/RS: A tua formação ainda é recente. Como se deu esse início de atuação profissional?
LH: Logo que me formei, em 2010, trabalhei como arquiteta em outros dois escritórios, um deles localizado em Punta Del Este, no Uruguai, e outro na cidade de Pelotas. Ambos influenciaram o caminho que estou trilhando. Quando senti que era o momento, criei com mais dois sócios um escritório de arquitetura, o Estúdio L23, que completou um ano de atuação no início desse ano.
CAU/RS: Mulheres são a maioria dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo em atividade no Rio Grande do Sul. Para você, o que atrai tantas mulheres na escolha desta profissão?
LH: A Arquitetura e Urbanismo exige certa sensibilidade de percepção. As mulheres tendem a ter esse dom mais aguçado, além de serem mais detalhistas e delicadas. Talvez, por isso, se identifiquem bastante com a profissão.
CAU/RS: Luciana, você sente algum preconceito no cotidiano profissional por ser mulher?
LH: Acho que o preconceito ainda existe, pois é difícil lidar com equipes que são formadas majoritariamente por homens. Muitas vezes, há certa resistência em serem coordenados por uma mulher. Mas quando se tem confiança e prazer no que se faz, a credibilidade vem naturalmente. Não se pode é desistir por encontrar dificuldades no caminho.
CAU/RS: Há alguma profissional que seja inspiração para o teu trabalho?
LH: Não há como não citar a primeira arquiteta mulher a receber o Prêmio Pritzker, Zaha Hadid. Ela é uma grande inspiração. Entre outras, está a brasileira Carolina Bueno, que traz uma metodologia muito interessante, onde propõe a modificação dos espaços urbanos e da construção moderna.
CAU/RS: Algum projeto já marcou tua carreira? Por quê?
LH: Em outubro de 2015, o Estúdio L23 ficou em 3° lugar no Concurso Público Nacional de Estudo Preliminar de Arquitetura para a nova sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (ADUFPel). Essa conquista foi um marco que serviu como incentivo para o início da parceria que forma o L23.
“Poder fazer parte da concretização de algo que acaba sendo um espaço onde o usuário se sente feliz e realizado é uma satisfação sem igual.”
CAU/RS: Luciana, atualmente, o que te realiza como profissional?
LH: Sempre tive vontade de ter meu próprio escritório, de poder interpretar o gosto de um cliente e expressar formalmente suas ideias. Me fascina o poder que o arquiteto tem de intervir e influenciar no dia-a-dia da população, tanto na forma urbana quanto na arquitetônica. Poder fazer parte da concretização de algo que acaba sendo um espaço onde o usuário se sente feliz e realizado é uma satisfação sem igual. Hoje, com escritório próprio, mesmo que dando os primeiros passos, me sinto realizada por saber que estou no caminho que gostaria de estar e fazendo o que sempre quis.
CAU/RS: Por fim, é possível indicar algum caminho para a Arquitetura e Urbanismo? Novos valores? Novos desafios?
LH: Sem dúvida, a arquitetura sustentável é imprescindível para os dias de hoje. Devemos nos preocupar com o futuro, estudar e aplicar métodos que minimizem o impacto ambiental.
Arquitetura não é apenas uma morada. O conceito que a construção engloba é muito mais do que isso, envolve percepções e sensações. Nosso desafio é buscar sempre o melhor, ter a satisfação do usuário e intervir no dia-a-dia de forma positiva.
Para as meninas que têm o desejo de serem arquitetas e urbanistas, aconselho: sejam perseverantes, encontrem o caminho com o qual se identificam e corram atrás. Garanto que o resultado é gratificante.