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Escola como espaço de formação cidadã

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Creche Råå, em Kustgatan, Suécia. Foto: Adam Mork

Muitas de nossas memórias afetivas mais antigas estão relacionadas aos ambientes onde passamos a infância. A casa dos pais, a casa dos avós, os parques e espaços públicos onde passeávamos. As experiências em espaços como esses são alguns dos elementos de maior influência para a formação pessoal primária. Neste contexto, a escola abriga um potencial imenso de estímulo ao desenvolvimento, que deve ser despertado pelas relações humanas e pedagógicas ali estabelecidas, mas também através do próprio planejamento do ambiente. É precisamente neste o ponto que arquitetos e urbanistas, em diálogo com professores, alunos e funcionários que usam diretamente o espaço escolar, podem fazer a diferença no panorama educacional.

O impacto do ambiente no potencial de aprendizado e desenvolvimento de crianças e adolescentes começa em condições básicas. É relativamente simples entender como espaços insalubres – abafados, mal iluminados, úmidos, com mau cheiro, sujos – podem ter uma influência negativa na absorção do conhecimento. Em junho deste ano, por exemplo, uma escola estadual na zona leste de Porto Alegre foi interditada pela própria direção e pelos pais dos alunos, em função do risco de doenças causados pelo acúmulo de fezes de pombos nas janelas do prédio, entre outros problemas de higiene e estrutura. A manutenção de um ambiente adequado para o convívio e as atividades dos alunos, professores e funcionários é um elemento primário, que envolve, em grande parte, questões de investimento e gestão pública.

No entanto, muitos arquitetos e urbanistas especializados no trabalho com espaços escolares trabalham para além do planejamento de estruturas adequadas, interagindo com outras áreas do conhecimento para desenvolver projetos com melhor funcionalidade e eficiência. Uma das preocupações é que a escala do prédio seja compatível com a faixa etária das crianças atendidas na instituição. A inserção de crianças em ambientes de maior escala pode ser uma situação opressiva e improdutiva para o aprendizado.

Modelo de escola urbana*, proposto por Richard Neutra.

De acordo com o arquiteto e urbanista Mário Petrilli, especialista em arquitetura educacional, não apenas as salas de aula, mas cada estrutura de apoio, espaços intermediários e pátios abertos traduzem propostas pedagógicas. “Um exemplo são as salas de aula que abrem para pequenos pátios, de proporções que as crianças podem explorar”, ressalta. Petrilli esteve em Porto Alegre, nos dias 14 e 15 de setembro, participando do seminário “Espaço Escolar – Entre a Arquitetura e a Pedagogia” no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Durante o evento, o convidado apresentou um panorama teórico da pedagogia numa perspectiva espacial, e também relacionou exemplos de modelos escolares, avaliando sua funcionalidade.

“Espaço escolar deve ser antes possibilidade do que limite”, afirma. Petrilli resgatou ideias de teóricos como Augustin Escolano, Herman Hertzberger, Richard Neutra e Ernst Neufert. Além dele, a comunicadora social e doutora em educação Cristianne Famer Rocha também expôs suas ideias e conhecimento sobre disposição e uso do espaço escolar. Após as palestras, o público – constituído de arquitetos, estudantes de arquitetura e urbanismo e também professores das redes pública e privada – dialogou com os convidados, buscando soluções práticas e orientações teóricas sobre o assunto.

Confira abaixo um trecho da fala do arquitetoe urbanista Mário Petrilli:

*Imagem cedida por Mário Petrilli

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