Sem categoria

População que envelhece: cidades brasileiras preparam-se para um novo momento da pirâmide etária

Getting your Trinity Audio player ready...

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, entre os anos de 2000 e 2050, a proporção da população mundial com mais de 60 anos passará de 11% para 22%, chegando a 2 bilhões de pessoas no total. Destes, 395 milhões terão mais de 80 anos. Isso sem falar que os idosos terão superado em número todas as crianças menores de 14 anos. O Brasil, por sua vez, chegará a 60 milhões contra os 21 milhões de idosos de hoje. Além disso, cada vez mais pessoas viverão em cidades. Nos países desenvolvidos, a proporção de pessoas que moram nas cidades aumentará dos atuais 78% para 86% até 2050. Mas, as cidades estão preparadas para esse envelhecimento populacional?

De acordo com Ina Voelcker, diretora técnica do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC), o aumento da população idosa no país implica na criação de ambientes que favoreçam o envelhecimento ativo: ambientes inclusivos criados a partir das necessidades e demandas dos próprios idosos para que os indivíduos tenham oportunidades para saúde, aprendizagem, participação e segurança. “Certamente a arquitetura e o urbanismo podem contribuir muito, não só em termos de espaços públicos mais acessíveis e inclusivos, mas também em termos de espaços públicos e privados que favoreçam uma convivência mais harmoniosa, com mais solidariedade entre os cidadãos e mais segurança”, afirma Ina.

Segundo o ILC, cada vez mais, cidades começam a se preparar para o envelhecimento populacional, mas ainda falta muito para o ideal de “cidade para todos” se concretizar no Brasil. Dentre tantos problemas, os mais visíveis parecem ser as condições de transporte público e a acessibilidade, não só das calçadas, mas também de espaços públicos. “Em termos de arquitetura ainda há grandes lacunas, muitos desenvolvimentos novos, que são espaços urbanos valiosos, mas pouco olhados através da lente do idoso, com várias barreiras urbanas”, comenta Ina Voelcker.

Poucas cidades seguem os conceitos da OMS. O projeto “Cidades Amigas dos Idosos”, iniciado em 2006, se tornou um movimento global com mais de mil cidades ao redor do mundo aplicando sua metodologia. “As cidades que estão se preparando de maneira mais sustentável envolvem a população idosa ativamente neste processo, pois eles identificam os pontos fracos e fortes de cada cidade e a partir daí é desenvolvido um plano de ação”, comenta a diretora técnica do ILC.

O que é uma cidade amiga do idoso?

De acordo com a OMS, a cidade amiga do idoso é um lugar que permite que pessoas de todas as idades participem ativamente da sociedade e do meio urbano. Ela ajuda as pessoas a permanecerem saudáveis e ativas na cidade mesmo depois dos 60 anos. É um lugar que ajuda aqueles que possuem dificuldade de cuidar de si mesmos a viver bem.

Muitas cidades e comunidades já estão tomando medidas ativas para se tornarem mais amigas dos idosos. Porém, muitas barreiras persistem, sejam físicas, como edifícios mal projetados, ou por dificuldades na mobilidade, que impede as pessoas mais velhas de acessarem alguns lugares dos centros urbanos.

Como funcionam as cidades amigas dos idosos?

A OMS afirma que as cidades amigas dos idosos adaptam seu ambiente natural e urbano para residentes de todas as idades e capacidades. As principais alterações são na infraestrutura rodoviária e de transporte acessível e seguro, acesso sem barreiras a edifícios e casas, assentos públicos e instalações sanitárias, entre outros pontos que facilitam a vida dos mais velhos. Além disso, existem ferramentas para a disseminação de informações, que são adaptadas para atender às capacidades e recursos de todos os habitantes.

As cidades amigas dos idosos podem prevenir e retardar as doenças relacionadas com a idade através do fornecimento de apoio comunitário e de serviços de saúde, permitindo que os idosos mantenham a sua saúde e independência por mais tempo. Estes serviços de apoio beneficiam as gerações mais jovens também.

Qual a importância de ser uma cidade amiga do idoso?

Segundo a OMS, o envelhecimento populacional é uma das maiores transformações sociais do século XXI. Com isso, adaptar as estruturas das cidades às necessidades de uma população idosa em crescimento é uma boa preparação para enfrentar os desafios que estão por vir. Como foi explicado anteriormente, os dados da OMS preveem que entre 2000 e 2050 a proporção da população mundial com mais de 60 anos dobrará.

Tornar as cidades mais amigas dos idosos é um bom caminho para o futuro. De acordo com a OMS, os ambientes de apoio e habilitação permitem que os idosos permaneçam independentes por mais tempo e, com isso, as cidades e comunidades se beneficiam das contribuições que os idosos têm para oferecer, ou seja, ser uma cidade com disposição para idosos é um ótimo investimento para a sociedade, além de ajudar no cumprimento do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003), que visa assegurar ao idoso a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

A primeira cidade amiga do idoso no Brasil

No final do ano passado, o município de Veranópolis recebeu o título de “Cidade Amiga do Idoso” pela OMS. Esse título foi concedido por consequência do projeto desenvolvido pelo Conselho Municipal do Idoso de Veranópolis, e coordenado pela ILC, visando uma qualidade de vida melhor para os idosos — e, desta maneira, para todos— na cidade. Segundo a Prefeitura de Veranópolis, o caminho para se tornar uma cidade melhor para o idoso começou a ser trilhado em julho de 2016, quando encaminhou à OMS uma carta-compromisso com o plano de ações oriundo do diagnóstico da população idosa da cidade, onde foram ouvidos 836 veranenses com mais de 60 anos. O título possibilita um importante avanço no desenvolvimento de uma cidade ainda mais agradável para todos os habitantes.

O projeto “Cidade Amiga do Idoso” é um trabalho contínuo de avaliações e aprimoramento, especialmente ligado ao poder público, que se divide em ciclos de 3 a 5 anos. Cada um dos ciclos é subdividido em quatro fases. A primeira delas é a do planejamento. A segunda é a elaboração de um plano de ação. A partir do reconhecimento, iniciam as outras duas fases: implementação do plano e monitoramento de seu resultado; e a análise dos benefícios proporcionados à população.

Uma cidade mais amiga do idoso é um lugar melhor para todos: um jovem com perna quebrada, uma mãe/um pai com carrinho de bebê, um turista cheio de mala ou um idoso com bengala, todos se beneficiam de um ambiente mais acessível e de uma sociedade mais solidária.

9 respostas

  1. Bastante interessante esta adaptação de Veranópolis para a categoria de cidade Amiga do Idoso, já estou até cogitando em visita-la , é também deveras gratificante em ser colocado a hipótese do número de idosos dobrar até 2050 ,pois tais espectativas demandam mais projetos e enclementos nas cidades.

  2. Conheci Veranópolis – terra da longevidade – em dezembro de 2014 acompanhado de dois idosos da nossa família.
    A cidade e redondezas são muito agradáveis; porém verifiquei que a topografia irregular do Centro não é muito amigável ao deslocamento dos idosos.
    Pena que cluve da 3a idade estava em recesso, no período.Soubemos que os bailes são muito animados!

  3. buenas… acho lamentável que em sociedades ditas modernas, etc, é necessário um estatudo do idoso. isto comprova a que ponto relegamos nossos “velhos”. de qualquer forma, é louvável essas iniciativas, como esta de veranopolis.
    as gerações vivem como se elas proprias nunca chegariam à propria velhice e todas deficiencias inerentes.

  4. Esse ano é de fundamental importância para que a cidade de Veranópolis, que já possui o título de “Cidade Amiga do idoso” realize mudanças em seu planejamento urbano e em sua mobilidade, direcionando as ações no sentido de fazer jus a este título. Estamos trabalhando nas alterações do Plano diretor e demais códigos do município juntamente com ações integradas com a secretarias de turismo, educação cultura e assistência social.

  5. Desde que soube q daqui há 20 anos teremos a maior população brasileira e do mundo tb de idosos. Venho questionando que as grandes cidades não estão se preparando ou se estruturando para isso.
    Não vejo nenhum movimento quanto a isso no RJ.
    Q bom que alguém tomou a frente disso com antecedência e que inspire outras cidades brasileiras a ter este título de Veranópolis.
    com certeza querovisitar esta cidade.
    Vamos valorizar e dá enfase!! Parabéns Veranópolis e seu Prefeito.
    Rosana Mello -RJ

  6. Trabalhamos com Acessibilidade , notadamente platafarmas, pequenos Elevadores e cadeiras elevatorias oara escadas retas e curvas . Todas essas ações , visam incluir os idosos e os portadores de necessidades especiais
    Importante ressaltar que nesse trabalho é importante também se previnir o risco de queda do idoso,evitando-se internações e longas recuperações.
    Lembro que alguns governos europeus ajudam deus cidadãos a adquirir esses equipamentos .
    Estamos prontos ora ajudá-los nesse projeto . Parabéns .

  7. Muito legal compartilharmos desta ideia! Pretendo visitar Veranópolis logo, juntamente da minha avó.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

OUTRAS NOTÍCIAS

Notícia

Semana da Habitação CAU Brasil: seminário online debate políticas urbanas e ATHIS

Nota de esclarecimento sobre o acidente em Capão da Canoa

Pular para o conteúdo