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Mobilidade urbana é um tema fundamental para a sociedade, e também uma das pautas mais importantes do debate sobre as cidades atualmente. Bilhões de pessoas se locomovem pelos centros urbanos do mundo inteiro diariamente e poder se locomover de maneira adequada, tranquila e segura é um desafio para muitos habitantes de diversas cidades por conta de barreiras urbanas.
Recentemente, o movimento de mobilização colaborativa em prol da sustentabilidade denominado “Virada Sustentável” tratou deste assunto em um seminário ministrado pelo publicitário Cadu Carvalho, pelo vereador Marcelo Sgarbossa e pelos arquitetos e urbanistas Júlio Celso Vargas e Emiliano Merino, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. A concepção da Virada em 2017 esteve baseada nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU, e o objetivo do seminário foi conscientizar as pessoas sobre a mobilidade nos centros urbanos e métodos mais sustentáveis.
De acordo com os palestrantes do seminário “Uma outra mobilidade urbana é possível!”, a situação das cidades brasileiras passa longe do ideal. O automóvel particular é privilegiado nos grandes centros urbanos e, por conta disso, temos problemas de tráfego, poluição no ar e até mesmo poluição sonora. Além disso, o transporte público é caro e pouco qualificado, as ciclovias são implantadas sem atenção ao Plano Cicloviário, com baixa qualidade construtiva e deficiências técnicas, normalmente tirando espaço dos pedestres ao invés dos carros, e as cidades não atendem seus habitantes, com segurança viária ruim, faixas de segurança não conservadas e respeitadas, semáforos para pedestres com pouco “tempo de verde”, iluminação pública deficiente, entre outros fatores que poderiam ser melhorados visando uma mobilidade urbana melhor e mais segura para todos.
Mas como seria uma cidade adequada nesse quesito? Segundo o arquiteto e urbanista Júlio Celso Vargas, é muito difícil falar em “cidade utópica”, pois existem muitos problemas para solucionar na área da mobilidade. “Os exemplos mais acabados de cidade multimodal são os europeus, com destaque para Amsterdã e Copenhague. Lá, existem diversos modos de transporte disponíveis à população, todos de alta qualidade e com custo acessível, seja trem, bonde, ônibus, táxis, Uber, bicicletas, ou até mesmo percursos para se fazer a pé. Não há estímulo para o automóvel particular, que sofre alta taxação e não goza do espaço praticamente infinito de estacionamento nas vias públicas como acontece aqui no Brasil”, comentou Vargas.
Para o arquiteto e urbanista, o ideal seria se nossas cidades se baseassem nestes exemplos, pois atualmente existem diversas iniciativas com o intuito do desestímulo aos subúrbios monofuncionais, implantação de comércio e serviços descentralizados, adoção de sistemas de transporte público de massa e valorização da caminhabilidade, para assim gerar centros urbanos com uma mobilidade urbana melhor para a sociedade. “Ter um carro possui um grande custo em diversos sentidos, ao mesmo tempo em que existem tantas outras alternativas de mobilidade confortáveis e acessíveis que poderiam também fazer parte de nossas cidades”, conclui.