Getting your Trinity Audio player ready...
|
O nosso conselheiro Paulo Ricardo Bregatto escreveu um artigo falando sobre a necessidade de termos atitudes mais planejadas e menos superficiais. Confira aqui o texto na íntegra:
Estamos presenciando transformações no mundo atual. Reformas sociais, inovações científicas, descobertas histórias, evoluções tecnológicas, entre outras. No entanto, indicadores que medem a qualidade de vida têm apresentado dados preocupantes: as pessoas não estão felizes. Avançamos em muitos setores da vida, mas não estamos sendo eficazes em transformar estes avanços em valor agregado capaz de nos permitir uma vida tranquila. Fatores essenciais como acesso ao trabalho, saúde, educação e segurança estão distantes da população.
Muitos destes avanços – pelo menos em escalas relativas – tem nos tirado da linha de risco da fome, doenças e guerras, mas este texto não trata destes avanços em grande escala. Trata da escala do dia a dia e do cotidiano das pessoas, onde a concorrência, a velocidade das coisas e as decisões urgentes, tem nos mantido alertas num clima de aparente tensão e medo.
Enquanto divulgamos e festejamos a implantação e a crescente produção da indústria 4.0, o desemprego cresce de forma alarmante, deixando sem ter o que fazer grande parte da capacidade humana de produção. O custo social deste fenômeno precisa ser mensurado com a mesma eficiência com que o mercado de ações comemora seus grandes resultados. Estamos presenciando índices de desigualdade social capazes de nos levar a conflitos civis de grande escala, como temos presenciado em nosso país.
A velocidade de processar dados digitais e projetar cenários virtuais deveria nos alertar para a importância de não vivermos na velocidade dos computadores, como se tudo fosse urgente, invertendo valores e transgredindo o bom senso, mas planejar com conhecimento de causa e consequência as nossas ações de médio e longo prazo, buscando acesso básico àquilo que agrega qualidade de vida à população. Vivemos um momento de produção cultural acrítica, bombardeados por muita informação, falsa e verdadeira, no entanto nunca produzimos tão pouco conhecimento capaz de nos tirar da zona de urgência. É o paradoxo da tecnologia digital: quanto mais geramos e acumulamos dados, menos sabemos como transformar estas informações em conhecimento. E é o conhecimento o vetor capaz de nos fazer avançar na definição de padrões de qualidade de vida.
Não são as ferramentas digitais, enquanto processadores matemáticos, que agregarão qualidade ao conhecimento. Poderão acelerar o cruzamento de informações e modelar novos padrões de vida, mas sempre será preciso que alguém interprete, traduza e transforme estas informações em conhecimento alinhado com as verdadeiras demandas da sociedade que estamos inseridos. A caneta sobre o papel nas empresas, o giz sobre o quadro verde na sala de aula ou o lápis de carpinteiro riscando uma parede no canteiro de obras, são suficientes para se expressar uma ideia inovadora e empreendedora, quando se tem uma verdadeira ideia.
Inovação, empreendedorismo e sustentabilidade se tornaram ferramentas de propaganda da sociedade atual. Mas elas não nascem em qualquer lugar, é preciso que o caminho esteja pavimentado com foco, investimento e cultura experimental. Para acertar em cheio é preciso experimentar muito. A experimentação está no cerne dos processos criativos inovadores e empreendedores. Experimentar exige autonomia e coragem e, por isso, é a base dos grandes acertos e das ideias inovadoras, e isto tem muito valor no mercado atual ou no mundo criativo compartilhado.
Temos a tendência superficial para acharmos que a genialidade de uma grande ideia é fruto do instantâneo mágico e veloz de uma única mente privilegiada. Quando fazemos isso, seja por conforto ou para explicar uma possível falta de atitude, damos as costas para o processo coletivo, compartilhado, contínuo e repetitivo das tantas experimentações e erros que vieram antes do acerto e que deram ao acerto o ambiente propício para sua invenção. Ser inovador, criativo e empreendedor não são o resultado de ações urgentes, isoladas, instantâneas, mágicas ou divinas. São o resultado de foco, planejamento e muito trabalho sério na busca de um objetivo e de uma solução.
As demandas urgentes que possuímos como povo, sociedade e nação não devem ser tratadas com abordagens superficiais de curto prazo, por mais midiáticos que possam parecer os seus efeitos, mas com ações maduras de planejamento criativo, inovador e empreendedor antevendo a qualidade de vida que queremos ter e o planeta em que queremos viver. Distanciar o olhar para esta realidade significa nos condenar a viver continuamente, década após década, usando as nossas melhores energias intelectuais e produtivas apenas para consertar a nossa própria falta de ação e visão atuais e a falta de planejamento estratégico das gerações que nos antecederam.
Planejar aprendendo com nossos erros e acertos já seria um bom caminho para os nossos gestores. Não se faz o novo negando os grandes acertos ou atropelando as experiências comprovadamente eficazes. Temos visto muito desta prática na gestão do país, empresas e universidades. O jovem não é garantia de inovação, a velocidade não é sinônimo de eficiência, o novo não é indicador de qualidade e a tecnologia não é condição única para os avanços do conhecimento. Claro que é preciso resolver muita coisa com brevidade, mas resolver com urgência o hoje, apenas cobre superficialmente os buracos do ontem, enquanto que a sociedade necessita de uma revisão dos seus códigos de convivência, de uma reformulação ética e moral capaz de pavimentar com inovação a sociedade do amanhã.
Temos que reinventar o nosso espírito solidário de grupo. Vivemos em um planeta digital conectados em rede, mas nunca nos comunicamos tão pouco e estivemos tão sós e isolados. Uma das qualidades que fizeram da espécie humana uma das mais bem sucedidas entre as demais foi a capacidade de agir e reagir colaborativamente com seus pares. Portanto, menos risco e tensão. Menos urgência e decisões superficiais. Mais seriedade e planejamento estratégico de médio e longo prazo para a vida.
Uma resposta
Serei cuidadoso e cauteloso,visto concordar plenamente com meu caro colega e amigo, quando nos conhecemos,ainda no seu atelier de arquitetura na Av.Osvaldo Aranha,quase esquina com a Rua Santo Antonio,no velho Bom Fim.Porque cuidadoso, pelo simples fato,de concordar,e sentir a dificuldade de acrescentar alguma palavra,a mais,que corrobore,no sentido de que,a “velocidade”, desta era,ainda será maior,e deverá acentuar entre as diversas camadas sociais, a sensação de esvaziamento,e distanciamento,gerando a total incapacidade de solidariedade,em qualquer nível.
Diria até,que na palavra solidaredade,já podemos encontrar,em seu radical, a palavra “solidão”, ou seja,já existe de fato,uma total inversão, em vários grupos,no amplo sentido antropológico, de “vazio”.
A arquitetura,experimenta,este vazio,desde sua concepção,pois,a “máquina”,já entrega,o produto quase pronto.A prancheta,permitia a aproximação dos colegas,dos amigos,dos mestres,da conversa descontraída,onde um palpite, faria a diferenca,no layout que estava sendo”rabiscado”,em um guardanapo de bar…,serve também para as outras áreas do conhecimento,onde há um fechamento,tanto no acesso,quanto na saída.Diria até,que poderíamos dizer,que haveria a junção de duas palavras, “IN+OUT”,no que resultaria em um caminho circular,quase sem rumo.
Sinto na falta de diálogo,entre diversos setores,visto estarem agindo assim,apenas aguardando, que apareca na tela,a palavra,…”OUT”,deixando a grande dúvida, mas de onde veio,não houve processo algum,basta uma tecla.
Para concluir,diria a todos,que lerem teu comentário,e que tenham refletido,podemos afirmar, que não há mais sentido algum, em planejar absolutamente nada,onde não existe “NADA”,siquer, a solidariedade do agir,sempre em grupo,em prol de algo.O prazo já expirou,a validade idem,há que reinventar a solidariedade…