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Carta aberta aos estudantes de cursos à distância de Arquitetura e Urbanismo

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O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS), preocupado com os rumos do Ensino Superior no país, divulga uma carta aberta aos estudantes matriculados em cursos à distância de Arquitetura e Urbanismo no Rio Grande do Sul. A carta é assinada pelo presidente do CAU/RS, arquiteto e urbanista Tiago Holzmann da Silva.

Porto Alegre, 24 de julho de 2019

Caros futuros colegas,

As escolas de Arquitetura e Urbanismo gaúchas estão historicamente entre as melhores do país e muitas de nossas universidades figuram entre as melhores da América Latina. Esse reconhecimento é fruto de décadas de aperfeiçoamento de nossas instituições de ensino e do trabalho de professores e professoras que dedicam sua vida profissional a compartilhar o conhecimento, prático e acadêmico, com os futuros arquitetos e urbanistas. O aprendizado é uma construção conjunta de estudantes e professores, adquirido em salas de aula, laboratórios, bibliotecas e, principalmente, nos ateliês de projeto, parte insubstituível de nossa formação.

Motivado por diversas denúncias e preocupado com recentes distorções introduzidas de maneira equivocada no ensino de nossa profissão, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) deliberou que não aceitará o registro de profissionais formados em cursos na denominada modalidade de ensino à distância (EaD). O CAU/RS entende que o EaD é uma ferramenta excelente, que incorpora as novas tecnologias, amplia e potencializa novas possibilidades de ensino. Entretanto, o EaD não é uma “modalidade” que possa ocorrer em paralelo com o ensino presencial, muito menos em substituição a este, com claríssimas perdas de qualidade e diversidade e danos irreparáveis à formação dos futuros profissionais.

O CAU/RS está sendo processado por duas empresas inconformadas com a nossa posição. Até o momento, a Justiça Federal confirmou a legitimidade da decisão do Conselho e referendou a decisão de não registrar os egressos de cursos na “modalidade” EaD. Portanto, até decisão em última instância, o CAU não fará os registros dos egressos de EaD.

Nossa tese é que se o papel do Ministério da Educação (MEC) é regular e fiscalizar o Ensino Superior e o papel do Conselho é fiscalizar a profissão, então o ensino da profissão deve ser uma responsabilidade compartilhada entre MEC e CAU. Nem um nem o outro pode ter essa atribuição de forma unilateral.

A sua escolha em cursar Arquitetura e Urbanismo é motivo de grande alegria. Nossa profissão tem por objetivo resolver os problemas do espaço de vida das pessoas e queremos muito ter vocês entre nossos profissionais. Estimulamos não desistir do seu sonho, mas procurar por cursos e instituições sérias e reconhecidas, que ofereçam uma formação ampla e diversificada e proporcionem a vocês um futuro profissional mais promissor.

Estamos juntos na luta contra a precarização do ensino superior e abertos a receber suas sugestões, informações e denúncias. Entre em contato pelo e-mail gabinete@caurs.gov.br.

Tiago Holzmann da Silva – Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS)

Leia mais sobre as ações do CAU/RS em defesa do Ensino Superior de qualidade.

23 respostas

  1. Como professor que lecionou por 34 anos na graduação de Arquitetura na Unisinos,e inclusive tendo realizado um treinamento para ensino a distancia na PUC-RS, posso afirmar que na graduação de arquitetura a distancia afora algumas disciplinas essencialmente teóricas ,a pratica de projetação seria inconcebível sem a convivência em atelier entre aluno e professor até mesmo para a aplicação do embasamento teórico necessário para a concepção espacial.

  2. Estamos juntos colegas do CAU. Apoio incondicional nesta guerra absurda contra o conhecimento, a educação e formação profissional.

  3. AO CAU/RS.Prezado Presidente.Arq.Urb. Thiago Holzmann da Silva.Ao longo de quase 40 anos de graduação, na UNISINOS, e com uma atividade intensa, inclusive como desenhista, professor em Escola Técnica, pesquisador,escritor,e arquiteto e urbanista,uso este pequeno espaço, para repercutir as palavras de meu Amigo,Colega e Mestre Prof. Nestor Torelly Martins na disciplina de Arquitetura Brasileira(UNISINOS).
    É inconcebível que em uma especialidade como a Arquitetura, que para sua compreensão,formação,e aplicação, haja ainda dúvidas de que , seja impossível colher bons resultados em um dito, “ensino á distância”.isto é irreal,não pode ser aplicado não só a Arquitetura,bem como a Medicina,Odontologia e outras…, portanto é óbvio que a categoria deve evitar esta tentativa de obrigar ao CAU/BR, em curvar-se a uma situação inconstitucional.Se todos os profissionais seguem este currículo, e a sociedade assim o exige,não há razão alguma para que o “mercado de ensino”, venha a exigir de uma categoria sua “mercantilização”.É ridículo.sabemos o quanto o convívio,análise,discussão, e busca de um conhecimento, se dá em grupo, não em uma tela virtual,fria e gelada.Evitemos assim, a pseudo-formação de pseudo-arquitetos.Ao final do tempo de graduação levamos junto, a alegria deste convívio, em nossa prática profissional.É vital.Assim a arquitetura é pensada, já em sala de projetos, como uma bela experiência de vida.Abraço.Presidente.Enfrente e conte conosco.Nós somos o CAU/RS. Arq.Urb.William Cunha Pupe-CAU/RS A10912-6

  4. Já comentei isso aqui
    A redução de carga horária na maioria das escolas aliada, a concentração de escolas de arquitetura, seis em Ribeirão Preto, a relutância em dividir as principais formações, objeto, paisagem e o urbano.
    A realidade brasileira no assunto, as questões dos Conselhos de classe em discussão, a poética e muito eventual conjunção aluno professor não demonstram problemática no EAD….

  5. Parabéns Thiago. O posicionamento do CAU-RS em relação ao ensino acadêmico deve sempre primar pela qualidade dos profissionais que exercerão a profissão. A julgar pela qualificação dos profissionais, sugiro também, que seja criado um exame de ordem para ingressar na profissão, haja visto a pouca qualidade técnica de alguns profissionais egressos no mercado de trabalho, inclusive de universidades presenciais.

  6. Boa noite ,sou um estudante de Arquitetura de EAD e essa matéria muito me deixou preocupe pois imagina estudar 5 anos e no fim não termos a tão esperada carteira do CAU, concordo com posição de todos aqui mais também não posso deixar de colocar minha indignação até mesmo com colocações de discriminação pois sabemos que a técnica nem sempre prevalece mais sim a dedicação ,pois se pegarmos até aqui nesses próprios comentários alguns pra fazer realmente o que aprenderam nas suas faculdades presenciais , não generalizado mas nem todos conseguem concluir um trabalho a mão pois não tenho conclusão mais muito ,ou quase tudo no Auto cad sei fazer sabemos que a prática nos leva a perfeição então por isso não podem se acharem melhores ,outra coisa sou do Rio de Janeiro e posso afirmar que nem todos que tiram suas tão sonhada habilitação estão apitos a dirigir mas nem por isso deixam de dirigir em fim a faculdade presencial ou a EAD não diz o profissional que vc vai se tornar,outra coisa queria saber o número do processo que a na justiça por favor. Guilherme Riscado,Cabo frio,RJ.

  7. É necessário essa decisão em ser firme de não aceitar o registro dos egressos a distância. Seria um desprezo para nós que enfrentamos presencialmente os cinco ou mais anos para concluir o curso. Espero que todas as UF adotem Bessa mesma medida. Aproveito o momento e deixo a pergunta: qual a posição do MEC em relação a essa decisão? Obrigado.

  8. Parabéns ao CAU/RS pelo posicionamento e pela defesa da qualidade do ensino de Arquitetura e Urbanismo.

  9. Fico bem triste com o posicionamento do CAU, é uma pena, pois sou aluna EAD e não pretendo desistir, gostaria que vocês frequentassem um curso EAD para tirarem suas conclusões, temos sim aulas práticas e presenciais, quase a metade do curso. Acho um ato totalmente preconceituoso da parte da maioria, falando por mim, eu estudo muito, a mesma quantidade de horas que o presencial, só que da minha casa nos dias que não vou ao pólo, que também é acompanhado por um professor, seja à distância ou presencial, o material on line é incrível e com uma enorme vantagem, posso assistir quantas vezes forem necessárias e sem conversa fiada de muitos professores que se deixam levar pela conversa paralela de alguns alunos em sala.
    Sugestão, apliquem uma prova de proficiência para todos, ou talvez para os EADs, tenho certeza que irão se surpreender com o resultado!

  10. Será que a falta de apoio ao EAD é uma crise existencial da profissão?
    Será que os profissionais atuais estão se apegando ao passado, ao querer que os alunos de hoje passem pelo mesmo sacrifício de quem se formou há mais tempo?
    Será que se finge que o ensino já não é mais assim, nem presencialmente?
    Será que quem critica, conhece profundamente o ensino EAD e a absorção do conhecimento pelos alunos?
    Estudemos sobre o futuro da nossa profissão, com base nas teorias econômicas. Vamos refletir…

  11. Se a carta do estudante Guilherme acima foi compilada “ipsis litteris”, prova-se que o ensino presencial lhe ajudaria a expressar-se com conjugação, forma e conteúdo ao utilizar a lingua mãe.

  12. Na qualidade de advogado e arquiteto do Estado de São Paulo, sinto-me indignado com a posição tomada pelo CAU-RS, visto que a mesma contraria o direito de os alunos regularmente formados em Instituições reconhecidas e autorizadas tenham acesso ao registro profissional, com base em critérios ilegais e arbitrários.

    Ademais, a posição do TRF 4 não é definitiva, apenas negou concessão de medida liminar. Isso significa que nada impede — e muito provavelmente será favorável — à inscrição dos futuros colegas, pois lei federal oriunda da União impede discriminação entre alunos egressos de cursos presenciais e EAD.

    Outrossim, escolas conceituadas de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, seguindo tendências europeias, sabem que a função atual do arquiteto e urbanista não se cinge ao desenho técnico (que na modalidade EAD é realizado nos polos presenciais de apoio), pois cabe ao profissional da área planejar espaços com base em conhecimentos científicos teórico-experimentais, os quais podem perfeitamente ser aprendidos em livros ou por meio de vídeo-conferências.

  13. CAU com a decisão se demonstra arcaico e antiquado, quer prezar pela qualidade profissional, simples, exame a todos os formados sejam no presencial ou no EAD.

  14. Muito brio!E a preocupação com todos que estão, a principio, sendo enganados pelas instituições, acobertadas pelo MEC??!! Vamos comer carne enquanto os africanos morrem de fome! Africa fica longe, o MEC e essas unis batem na nossa porta todos os dias!!!

  15. Vale lembrar que, se não pode EAD, os alunos que estão cursando essa modalidade em 2020, devido a pandemia não poderão ser registrados também. A última coisa que o CAU se preocupa é com o ensino, senão, não permitiriam a famosa frase “Tem apostila pra fazer cópias, peguem lá no xerox e leiam em casa”

  16. Acredito que deva HAVER UM CONSENSO para que possamos ter, assim como muitos cursos de QUALIDADE EAD, para o curso de ARQUITETURA EAD com práticas das DISCIPLINAS REALMENTE NECESSÁRIAS em laboratório. Pois quem mora no interior precisa desses recurso, sou formado em Informática presencial, e com 2 pós EAD pela UFSM, e ambos foram muito puxado e de alta qualidade. Logo acredito que há de haver uma ADEQUAÇAO para que possamos sim ter arquitetura EAD de qualidade. O Aluno é que faz a faculdade, e acredito que seja possivel sim implantar laboratórios praticos para esta grande gama de pessoas que moram longe das capitais.

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