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Arquitetas e urbanistas, coletivos e movimentos sociais debatem gênero na profissão

O evento promovido pela Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/RS reuniu 45 profissionais de diferentes áreas em Porto Alegre.

A Comissão Temporária de Equidade de Gênero (CTEG) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) realizou na última sexta-feira (06/12) sua primeira atividade. O workshop Cenários Possíveis para a Equidade de Gênero na Arquitetura e Urbanismo tinha como objetivo reunir profissionais, representantes de coletivos e movimentos sociais para, em conjunto, dar o passo inicial na construção de políticas para a equidade de gênero na profissão. O workshop foi mediado pela professora Karine de Mello Freire, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Design da Unisinos, em parceria com as pesquisadoras Liana Chiapinotto e Aline Bueno.

Design estratégico para pensar cenários futuros: Karine, Liana e Aline. Foto: CAU/RS

Falas inspiradoras

No turno da manhã, as participantes construíram sua linha do tempo no livreto “Facebook”, onde tiveram seus perfis desenhados e escritos por outra mulher, a partir de uma entrevista rápida para aproximar e engajar ainda mais o público. O livreto serviu como local para armazenar os comentários e as anotações sobre as falas inspiradoras que vieram na sequência.

As arquitetas e urbanistas Roberta Edelweiss (coordenadora da Comissão) e Paula Motta (coletivo T.urb.a), integrantes da CTEG, apresentaram o diagnóstico de gênero divulgado este ano pelo CAU/BR. Os dados mostram a presença majoritária da mulher entre os arquitetos e urbanistas registrados no Conselho (63%) – no Rio Grande do Sul, esse número sobe para 65% – e entre os jovens estudantes e profissionais, indicando um futuro feminino da profissão. Também foi apresentado o percentual de mulheres que recebem indicações ou prêmios no setor, assim como a quantidade de mulheres que atuam em cargos de representação, como o CAU.

Em seguida, a arquiteta e urbanista Luiza Dias Coelho, do coletivo Arquitetas Invisíveis, aprofundou o debate sobre a “invisibilidade” da mulher com a provocação: “Você consegue citar o nome de três arquitetas conhecidas?”. Luiza trouxe exemplos de arquitetas que ficaram “à margem” do trabalho de arquitetos homens ao longo da história, trabalhando em conjunto ou até mais, mas sem receber reconhecimento equivalente. “Temos que reconhecer e olhar para as mulheres que ficaram nas sombras dos arquitetos”, disse.

Thaise Machado falou sobre a questão de gênero, raça e cultura. “Arquitetura não é sobre construção física, é sobre construção do social”, questionou, ao apresentar uma foto de formandos em Arquitetura e Urbanismo e sinalizar apenas uma pessoa negra na turma. Thaise pensa a cidade através da cultura e idealizou projetos como o Negra Ativa, Três Tons Produtora e Festival Porongos, que promovem o reconhecimento da cultura negra e a ocupação dos espaços públicos, além do seu escritório de Arquitetura e Design IBOKUN.

As sócias da ILLA, representadas por Cláudia Titton e Taís Lagranha, trouxeram um emocionante relato sobre como nunca estiveram sozinhas e sempre procuraram estar juntas para superar assédios e situações delicadas ao longo dos 15 anos de escritório. As arquitetas apresentaram projetos e algumas histórias de bastidores que envolveram episódios de machismo na profissão.

Bia Kern, fundadora da ONG Mulher em Construção, destacou o impacto social da capacitação da mão de obra feminina para a construção civil. “Uma mulher empoderada melhora sua qualidade de vida, muda sua casa, suas relações e a sociedade. Quando eu comecei, só queria melhorar o meu bairro, em Canoas, e olha onde nós chegamos! Transformamos, e seguimos transformando, a vida de centenas de mulheres”.

Oficina

No turno da tarde, as participantes se reuniram em grupos para desenhar cenários futuros a partir da provocação de como será a Arquitetura e Urbanismo em 2049, daqui a 30 anos. Os grupos tinham liberdade de pensar cenários positivos ou negativos e o resultado foram três grandes murais de futuros possíveis, feitos com recortes, desenhos e anotações. Os painéis, assim como os livretos, servirão de base para o trabalho da Comissão.

Saiba mais

A Comissão é formada pelas arquitetas e urbanistas Roberta Edelweiss (conselheira do CAU/RS e coordenadora), Marisa Potter (conselheira do CAU/RS), Paula Motta (coletivo Turba), Cláudia Fávaro (especialista em Gestão Estratégica do Território Urbano) e a fundadora da ONG Mulher em Construção, Bia Kern.

No dia 30 de janeiro, acontece a segunda ação da CTEG em Porto Alegre. O Ciclo de Debates Cidades Inclusivas para as Mulheres será aberto ao público. Salve a data e acompanhe as novidades das redes do CAU/RS.

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