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CAU/RS e Vila Flores – Patrimônio histórico, participação e inclusão: o Vila Flores na 15ª Bienal de Arquitetura de Veneza

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A primeira matéria produzida pelo Vila Flores em parceria com o CAU/RS contou um pouco da história da Bienal de Veneza e da Bienal de Arquitetura de Veneza, que passou a ter uma exibição exclusiva a partir de 1980. Na segunda, o objetivo foi destacar aspectos que relacionam o Brasil à mostra internacional. Nesta terceira, conheça melhor o Vila Flores, representante gaúcho na Mostra “Juntos”, que está em exposição no pavilhão brasileiro na Bienal.

O Vila Flores na 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza

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Participante da 15º Bienal de Arquitetura de Veneza, o projeto Vila Flores faz parte da mostra “Juntos” ao lado de outros 14 projetos brasileiros. A reunião de projetos está no pavilhão do Brasil sob encargo da Fundação Bienal de São Paulo. Este ano a curadoria organizada pelo arquiteto e urbanista Washington Fajardo procurou trazer à tona projetos nos quais a arquitetura é uma ferramenta social na conquista de processos “de baixo para cima”.

A mostra expõe projetos nos quais a arquitetura é usada enquanto ferramenta de seus processos e que tem em sua essência sanar demandas da sociedade civil que o poder público não consegue atender. A partir deste embasamento, o Vila Flores suscita a discussão sobre como a sociedade civil e o setor privado podem lidar com patrimônios culturais através de processos participativos e inclusivos.

O Vila Flores

O Vila Flores é um projeto não convencional, realizado em etapas e aberto à participação da comunidade. Trata-se da requalificação de um conjunto arquitetônico histórico na região do centro expandido de Porto Alegre, através de atividades culturais e do empreendedorismo social e criativo. O conjunto dessas características fez do Vila Flores o único representante do Rio Grande do Sul no pavilhão brasileiro na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2016.

Configurado como núcleo de experimentação e resistência, originado em um bem privado, hoje o Vila Flores presta serviços de utilidade pública para seus frequentadores, realizando ações que promovem a preservação do patrimônio material e imaterial, acesso à cultura e desenvolvimento de novas tecnologias sociais, valorizando a arte em todas as suas linguagens e fomentando a economia local de maneira criativa e colaborativa.

O projeto arquitetônico de restauro e adequação completo vem sendo desenhado de maneira processual e coletiva desde 2011 sob coordenação do escritório paulista Goma Oficina e a colaboração dos diversos grupos e pessoas que vivenciam o dia a dia do lugar. As características arquitetônicas postas no projeto de Joseph Lutzenberger conjugadas às diversas propostas e linguagens artísticas que convivem atualmente no espaço estão configurando o projeto de readequação. A implementação das adequações necessárias é feita em etapas pelo corpo técnico em Porto Alegre. A gestão é feita pela Associação Cultural Vila Flores, instituição sem fins lucrativos criada pelos próprios inquilinos do complexo para promover espaço de discussão, aprendizado e interação com a comunidade do entorno em eventos, oficinas e espaços de trabalho.

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Projeto arquitetônico de adequação

Desenvolvido para ser executado em etapas, de acordo com as possibilidades e sustentabilidade financeira, e factível para adequação e captação de recursos junto a investidores e editais, o projeto tem como objetivo a requalificação dos edifícios e adaptação de seu uso a uma demanda contemporânea. Está previsto no uso do conjunto programas de serviço, espaços educativos e expositivos, comércio e habitação temporária e locais de trabalho, alguns dos quais já se encontram em funcionamento.

As premissas de projeto são o restauro das fachadas externas e elementos originais, resolução de sistemas infraestruturais prevendo maior sustentabilidade energética, circulação e acessibilidade e questões estruturais da saúde das edificações.

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Associação Cultural Vila Flores

Desde 2012, muitas atividades culturais são realizadas no local e abertas à comunidade do entorno. A Associação Cultural Vila Flores (ACVF) nasceu em 2014, quando o complexo começou a acolher iniciativas de pequenos empreendedores e artistas que desenvolvem atividades próprias de sua área de atuação e que, além de gerir o espaço coletivamente, desenvolvem projetos compartilhados que promovem a interação e diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento. Cada iniciativa contribui com uma mensalidade, que permite à Associação ter recursos para gestão cultural, administração, manutenção e zeladoria dos espaços comuns.

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Espaços comuns do conjunto

Galpão – O Galpão Multiuso tem seu programa elaborado pelos artistas que dele se apropriaram. Atualmente abriga exposições, apresentações, exibições, encontros e, a cada evento ou atividade, descobre novas potencialidades ou necessidades de adequação que permitem a fusão e convivência de diversas práticas e linguagens artísticas.

Pátio – O Pátio Central é o coração do complexo. É o lugar de encontro ao ar livre. Através de seu uso percebeu-se a necessidade de verde, sombra e assentos, que vem sendo construídos coletivamente.

Miolo – O Miolo é um espaço educativo no térreo comercial destinado a troca de saberes, cursos, oficinas e palestras.

Todos os espaços acolhem atividades propostas pelas iniciativas residentes e pelas pessoas da comunidade, que estejam em convergência com os seguintes eixos norteadores:

  • Arte e Cultura: Artes visuais, artes cênicas, audiovisual, música, dança.
  • Educação: Cursos, oficinas, seminários e encontros para troca de conhecimentos e experiências.
  • Empreendedorismo: Incentivo aos produtores locais e iniciativas que fazem a conexão entre negócios criativos, sociais e colaborativos.
  • Arquitetura e Urbanismo: fomento ao debate sobre questões urbanas e promoção de atividades para a concretização de projetos cujo objetivo é a melhoria da vida na cidade.

Uma grande rede de relações interpessoais e institucionais vem se criando em torno do Vila Flores, conectando sociedade civil, iniciativa privada, universidades e poder público, com o intuito de experimentar e prototipar outras maneiras de pensar, fazer e viver a cidade. Podemos pensar no Vila Flores como um organismo vivo que estabelece em simultaneidade a sua formação e a relação com o entrono. Um núcleo aberto à discussão reivindicando a cidade que almeja. O projeto encontra-se em fase de captação de recursos através de leis de incentivo, para que possa atingir o ideal de readequação arquitetônica e viabilizar a sua continuidade como equipamento cultural da cidade.

O objetivo é fazer do Vila Flores um laboratório de inciativas cidadãs, cada vez mais aberto ao público, vivo e diverso e que isso possa se refletir no dia a dia da cidade.

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3 respostas

  1. Fico encantada em ver estas fotos. Tenho muito carinho e saudade deste lugar, pois, quando eu nasci meus pais moravam na Rua São Carlos, nº 765, térreo. Minha infância foi linda, brincando na rua com meus amigos, andando de bicicleta. No meu pequeno pátio tinha algumas árvores: limeira, limoeiro, pessegueiro e a melhor de todas, a ameixeira (aquela que dá uma frutinha amarela com uma semente “grande”). Esta era a preferida, pois meu pai colocou um balanço. Em seu tronco cortou alguns galhos fazendo uma “escada” para que eu pudesse subir… lá no alto… Vivi neste local até os 7 anos. O único inconveniente, para meus pais, é que quando chovia muito, alagava, e algumas vezes entrava dentro de casa. No verão aproveitava o alagamento da rua para brincar – correr e pular na água. Este lugar me trás muitas e maravilhosas recordações.

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