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Demolição da casa Kraft mobiliza CAU/RS e Rede Estadual de Proteção ao Patrimônio Cultural

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Construída na década de 1950, a propriedade privada localizada em Pelotas faz parte da memória da cidade e possui valor imaterial.

A fachada da casa Kraft, localizada em Pelotas, na esquina da rua Antônio dos Anjos com a rua General Osório, começou a ser demolida na tarde desta quarta-feira (09). A mobilização nas redes sociais era grande antes mesmo do episódio e foi incentivada por profissionais como o arquiteto e urbanista Andrey Schlee, natural de Pelotas, que já atuou na coordenação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No entanto, o processo de demolição da casa para a construção de uma farmácia foi mais rápido do que a garantia legal para sua preservação. 

Antes da demolição, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) acompanhou uma reunião da comunidade interessada na preservação da casa Kraft. A Presidência e o Gabinete da Presidência estavam entre os presentes. Em seguida, o CAU/RS acionou o Ministério Público (MP-RS) e a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), instituições que, ao lado do Conselho gaúcho, fazem parte da Rede Estadual de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul.

 

Uma das iniciativas do Conselho contou com o apoio de diversos profissionais e entidades de Arquitetura e Urbanismo. O Laudo Declaratório foi enviado ao MP-RS e destaca a importância da preservação do imóvel da Família Kraft. No entanto, as máquinas iniciaram a derrubada da fachada da casa no turno da tarde.

O conselheiro Oritz Campos, coordenador da Comissão de Exercício Profissional (CEP) e ex-coordenador da Comissão Temporária de Patrimônio Histórico (CTPH), lamenta o ocorrido: “Infelizmente, não conseguimos chegar a tempo para propor ações de salvaguarda do bem enquanto se discutia a questão”. O arquiteto e urbanista reforça a necessidade de diálogo e articulação coletiva assim que forem expostas as primeiras movimentações que coloquem em risco um bem de valor cultural. “Assim, o CAU/RS, através da Rede de Proteção, poderá somar esforços com as demais entidades e atuar com efeito antes que a destruição avance e se perca mais uma parte da nossa história”.

 

Entenda

A casa Kraft é uma propriedade privada que está na memória coletiva dos pelotenses, que criaram uma petição para reforçar as manifestações contrárias à demolição. A arquiteta e urbanista Letícia Aguilera foi responsável por coordenar a mobilização da comunidade e o abaixo-assinado virtual, que reuniu mais de 4 mil assinaturas em menos de 12 horas. Construída na década de 1950, a casa pertenceu à família Kraft até 1985. Ao longo da história, recebeu o ex-presidente da República João Goulart e também abrigou o artista pelotense Leopoldo Gotuzzo. Recentemente, foi vendida para investidores, que iniciaram o processo de demolição para construção de uma farmácia no local*.

 

 

A Presidente Interina do CAU/RS, Helenice Macedo do Couto, atua em Pelotas e manifestou-se sobre o caso:

Os fatos nos mostram que temos que continuar trabalhando em rede, contando não apenas com a mobilização de entidades profissionais, mas também da sociedade como um todo. 

Precisamos, sim, fazer valer o Estatuto da Cidade. Cobrar de quem é de direito a responsabilidade de concluir os inventários. A vontade política tem que preceder, afinal, preservar a memória também faz parte da governança. Podemos apoiar e fornecer a equipe, mas a responsabilidade é do poder público. 

Precisamos provar que, mesmo não sendo tombado, um imóvel e seu entorno têm relevância para a comunidade onde estão inseridos, contribuindo para perpetuar a nossa história. Seguiremos lutando.

Helenice Macedo do Couto – Presidente Interina do CAU/RS

 

*Com informações do jornal Diário Popular.

 

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Uma resposta

  1. É UMA VERGONHA O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO; O IMÓVEL E PRIVADO; ISSO É APROPRIAÇÃO INDEVIDA! DEVERIAM RESTAURAR A CASA, JÁ QUE SÃO DO RAMO DA ARQUITETURA! E VOCÊS VIRAM COMO FICOU BONITA A NOVA FARMÁCIA EM FRENTE?

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