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Rumos Região Sul: confira o resumo de Bagé

Após a abertura oficial em Rio Grande, a comitiva do Rumos seguiu para a Rainha da Fronteira: Bagé. O local escolhido para receber o evento foi o Complexo Cultural Dom Diogo, situado atrás do icônico Museu Dom Diogo de Souza.

A Caminhada do Patrimônio começou com um bate-papo entre os arquitetos e urbanistas Sandro Martinez Conceição e Magali Nocchi Collares Gonçalves, mediados pelos conselheiros José Daniel Craidy Simões, Marília Barbosa e a vice-presidente do CAU/RS, Andréa Ilha. Eles abordaram o cenário bageense e os desafios enfrentados para restauro e conservação no município. Em seguida, o público partiu para o roteiro guiado, que teve início no Palacete Pedro Osório e terminou na Catedral de São Sebastião.

À noite, o palestrante convidado Nivaldo Barbosa foi antecedido pela mesa de abertura composta pela vice-presidente do CAU/RS, Andréa Hamilton Ilha; a conselheira Marília Barbosa, a secretária municipal de Turismo Aliane Da Croce – na ocasião representando o prefeito, Divaldo Lara –, e o arquiteto e urbanista Dineu Borba.

O teatro lotado recepcionou Nivaldo, que veio diretamente da Bahia para compartilhar seu conhecimento em Patrimônio, reconhecido não apenas no Brasil mas também em prestigiadas universidades mundo afora. Ele iniciou sua fala trazendo uma pergunta: qual o futuro de arquitetos e urbanistas atuantes no campo do patrimônio?

 

Guardiões da memória coletiva

Mediado pela vice-presidente do Conselho, Andréa Ilha, e pela conselheira Marília Barbosa, Nilvado abordou a necessidade de os arquitetos acompanharem as transformações no campo da restauração, a diferença entre restauro e conservação e a necessidade do uso para quem um bem seja preservado. “Se eu não modificar, eu não consigo manter aquela obra dentro das necessidades cotidianas, como prevenção ao incêndio. É necessário que ela esteja de acordo com as condições atuais, e os arquitetos devem ser intérpretes conscientes desse patrimônio”, afirmou, ao trazer referências teóricas de renomados profissionais da área. “Só o arquiteto sabe medir o valor cultural que o bem possui e que precisa ser preservado e, por outro lado, o entendimento de que ele precisa ter um funcionamento que não será o mesmo de sua proposta original.”

Ao apresentar exemplos de bens tombados nacionalmente, o Sesc Pompéia, em São Paulo, ganhou atenção especial. Nivaldo recordou a intervenção realizada por Lina Bo Bardi, tombada pelo Iphan em 2015. “É absolutamente singular e mostra como agregar valor à arquitetura já existente. A demolição é sempre desperdício.” Em outras palavras, ele reforçou a possibilidade da atualização funcional, isto é, manter o uso da edificação – atualizando normas de segurança, acessibilidade, ventilação, entre outros quesitos – sem anular completamente sua existência. “Um convento pode ser transformado em hotel, não precisa virar uma quadra de esporte”, exemplificou, lembrando as três virtudes da boa arquitetura: função, beleza e solidez. “O papel do patrimônio material é preservar a memória coletiva, e nós arquitetos somos guardiões disso.”

Antes de terminar a palestra, Nivaldo agradeceu aos presentes e dedicou sua apresentação ao arquiteto e urbanista bageense radicado no Rio de Janeiro, Sérgio Magalhães, por sua extensa trajetória em projeto urbano, habitação, política urbana e política habitacional.

 

Oficinas

O segundo dia de atividades do Rumos em Bagé, assim como em Rio Grande, foi dedicado às oficinas. No turno da manhã, ocorreram as de Software Livre para Arquitetura e de Ética, Contratos e Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), chamada “Fuja das Armadilhas da Profissão”. Nesse tema, a vice-presidente do CAU/RS, Andréa Ilha e o conselheiro Fábio Müller, coordenador da Comissão de Ética e Disciplina (CED), apresentaram os riscos de desconhecer a ética profissional, bem como exercer Arquitetura e Urbanismo sem o respaldo de documentos fundamentais como a redação do contrato e o RRT. “Precisamos atuar não apenas pelo cliente, mas em prol da profissão”, afirmou Fábio. 

A tarde foi movimentada com as oficinas de Gestão de Projetos para Arquitetos, ministrada pela arquiteta e urbanista Géssica Piovesan Somavilla, e de Estruturas para Arquitetos, ministrada pelo arquiteto e urbanista e mestre em estruturas Estevan Barin.

De forma descontraída, a oficina de Estruturas reuniu teoria e prática, convidando os participantes a sentirem a força e o peso das estruturas e o impacto que elas geram na leveza, economia, forma e estilo de uma edificação. A apresentação também trouxe um pouco de história da arquitetura e curiosidades desse universo, com exemplos de como o nosso próprio corpo – nossos ossos, em especial – possui estruturas bem projetadas. A atividade foi dividida em cinco tópicos: cabo, arco, viga de alma cheia e treliça (viga de alma vazia) e pilares. “O que notei, tanto em Rio Grande quanto em Bagé, é que existe a referência da cultura local, e eu faço questão de trazer isso nas palestras, mostrar o que temos aqui perto. No caso de Rio Grande, falei sobre as estruturas do projeto que será desenvolvido pela equipe do Estúdio 41 para os Molhes da Barra do Cassino e, em Bagé, citei o restauro Vila Santa Thereza, pela Kiefer Arquitetos”, contou Estevan.

 

Galeria de imagens

Fotos: Studio Feijão&Lentilha (Alex Bandeira)

 

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