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CAU/RS e Vila Flores – Parceria para cobertura exclusiva da Bienal de Arquitetura de Veneza

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O Vila Flores e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) começaram em agosto uma série de reportagens especiais sobre a Bienal de Arquitetura de Veneza. O projeto Vila Flores, de Porto Alegre, é um dos selecionados e o representante gaúcho na mostra “Juntos” do Pavilhão Brasileiro. Confira a seguir a primeira produção colaborativa entre Vila Flores e CAU/RS.

Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza 2016 – Reporting from the front

A Biennale di Venezia (Bienal de Veneza) foi fundada em 1895. Atualmente, é uma das mais famosas e prestigiadas organizações culturais do mundo. A Arquitetura se faz presente desde 1968 e passou a ter uma exibição exclusiva a partir de 1980.

Desde 1998, primeiro ano do atual presidente Paolo Baratta, a Bienal de Veneza passou a ter exibições baseadas em três pilares estruturadores. O primeiro é a Exibição Internacional, escolhida pelo curador geral da Bienal, eleito especialmente para a tarefa; o segundo são os Pavilhões Nacionais, onde cada país elege seu curador e projeto expositivo; e o terceiro são as exibições adicionais aprovadas pelo curador geral e espalhadas por centros culturais de Veneza, na Itália.

A 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, aberta de 28 de maio a 27 de novembro, é dirigida pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, ganhador do Prêmio Pritzker 2016, e tem como tema Reporting from the front. Para Aravena, “há inúmeras batalhas que precisam ser vencidas e diversas fronteiras que precisam ser expandidas com o objetivo de melhorar a qualidade do ambiente construído e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas”. A ideia é que a Bienal enfoque projetos que subvertam o status quo ao produzir arquitetura para o bem comum.

O tema é uma provocação para o estabelecimento de novas perspectivas sobre problemáticas globais como desigualdade social, segregação, migração, informalidade, habitação e saneamento. A intenção é mostrar ao público uma arquitetura atenta a problemas comuns a vários países, questionando o papel social do arquiteto e sua produção voltada para o chamado bottom-up architeture (arquitetura de baixo para cima).

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Alejandro Aravena e Paolo Baratta. Foto: Giorgio Zucchiatti Courtesy

Com 88 participantes escolhidos para a Exibição Internacional mais os Pavilhões Nacionais, a mostra se concentra em dois grandes espaços: o Arsenale – um antigo estaleiro militar – e o Giardini – uma grande área verde com pavilhões expositivos. Em ambos há um pavilhão central curado por Aravena com a temática da mostra e também pavilhões dos países com curadoria própria. Além de Arsenale e Giardini, vários locais em Veneza recebem exposições internacionais.

Bienal de Arquitetura de Veneza dispersa pela cidade italiana.

Na lista de participantes escolhidos figuram dezenas de arquitetos consagrados: Herzog & de Meuron, Eduardo Souto de Moura, Norman Foster, Renzo Piano, Tadao Ando, Peter Zumthor, David Chipperfield, SANAA, Rem Koolhaas, Richard Rogers, Shigeru Ban e Kengo Kuma, para citar alguns. Por sua vez, o Conselho de Diretores da Bienal, presidido por Paolo Baratta, destacou dois arquitetos sul-americanos: o brasileiro Paulo Mendes da Rocha, com o Leão de Ouro, e o paraguaio Solano Benitez, com Leão de Prata. O Leão de Ouro para os Pavilhões Nacionais ficou para a Espanha com a exposição Unfinished.

Para o arquiteto e urbanista João Felipe Wallig, “a Bienal é um espetáculo cenográfico com variadas formas de representação, de aparatos tecnológicos a estruturas efêmeras construídas no meio da exposição para cativar o expectador e fazê-lo entender arquitetura de maneira lúdica e interativa ou com representações tradicionais – planta, corte, elevação e maquete”.

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Pavilhão Brasileiro – Mostra “Juntos”

Construído em 1964, o pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza acompanha os debates estéticos, políticos e sociais que se desenvolveram no país nas últimas décadas. A partir 1995, a responsabilidade pela escolha dos curadores e artistas foi outorgada pelo Governo do Brasil à Fundação Bienal de São Paulo, reconhecimento da grande importância da instituição, a segunda mais antiga no gênero em todo o mundo.

Nesta edição, o Pavilhão Brasileiro tem como curador nomeado o arquiteto e urbanista Washington Fajardo, que apresenta a mostra “Juntos” com a exposição de 15 projetos brasileiros. O projeto busca evidenciar histórias de pessoas que lutam por melhorias urbanas e fazem da arquitetura uma ferramenta, relacionando questões culturais e sociais.

“A proposta desta exposição é contar e recontar histórias de pessoas que lutam e conquistam mudanças em meio à passividade institucional das grandes cidades brasileiras. Conquista-se a arquitetura em processos lentos, cujo vagar não é um problema, mas um apontamento de solução ao esfacelamento político do planejamento do território”, destacou Fajardo.

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Vila Flores

Um dos projetos da mostra “Juntos” é o Vila Flores, único representante do Rio Grande do Sul no Pavilhão Brasileiro. O projeto suscita a discussão de como a sociedade civil e o setor privado podem lidar com patrimônios culturais através de processos participativos e inclusivos.

A Associação Cultural Vila Flores é uma instituição sem fins lucrativos criada pelos próprios residentes do complexo para promover espaços de discussão, aprendizado e interação com a comunidade local em eventos, oficinas e espaços de trabalho. O projeto arquitetônico é coordenado pelo escritório Goma Oficina, localizado em São Paulo (SP).

“Destacam-se os projetos colaborativos, horizontais, interdisciplinares, que trabalham com metodologias participativas, a partir de demandas reais e insurgentes. Processos ‘de baixo para cima’, que independentemente da escala, têm grande reverberação. Processos em prol da superação de problemas através do engajamento e instrumentalização de uma comunidade. Em todos os trabalhos apresentados na mostra ‘Juntos’ encontramos eco desse caminho, cada um à sua maneira e proporção”, ressaltaram Maria Cau Levy e Vitor Pena, do Goma Oficina, em visita à mostra.

Espaço Vila Flores em Porto Alegre (RS).

Para Luiz Antônio Machado Veríssimo, conselheiro coordenador da Comissão de Ensino e Formação do CAU/RS, “foi motivo de orgulho constatar a participação dos arquitetos e urbanistas do Goma Oficina para uma intervenção realizada no Rio Grande do Sul e, mais especificamente, em Porto Alegre”. O conjunto de prédios do Vila Flores, localizado no bairro Floresta, foi construído na década de 1920 conforme projeto do arquiteto alemão Joseph Lutzenberger.

A 15º Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, sob o tema Reporting from the front, apresenta uma transição de valores de uma determinada classe do conhecimento para o planejamento a serviço de um estrato social até então pouco trabalhado pela arquitetura. As problemáticas podem se repetir, mas as soluções serão locais de acordo com seus contextos e recursos, transformando o cenário globalizado em uma miscelânea de soluções abertas para serem rediscutidas, aprimoradas e adequadas.

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Texto colaborativo produzido pelo arquiteto e urbanista João Felipe Wallig (Goma Oficina e Vila Flores) e pela Assessoria de Comunicação do CAU/RS.

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