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Poderia ser um cartão-postal de Porto Alegre, mas o Terminal Triângulo, localizado na Zona Norte da capital gaúcha, passa longe de ganhar o título, apesar de sua importância para a cidade e as 38 mil pessoas que o utilizam diariamente. O Terminal Triângulo faz parte do sistema de transporte integrado de Porto Alegre e Região Metropolitana, com viés no modal ônibus, projeto original de 2001 e início operacional em 2004.
O projeto fazia parte do Plano Estratégico Norte-Nordeste de 1995, que apresentava o conceito de integração tarifária e projetos de qualificação operacional por ônibus na Av. Assis Brasil e Av. Sertório, para atendimento de linhas diretas (troncais) a partir do Triângulo com destino ao Centro, por ambas as vias. Ou seja, o Terminal Triângulo era uma nova tentativa do município em iniciar uma operação tronco-alimentada na cidade, pois uma tentativa frustrada anterior ocorreu entre 1984 e 1988 no Terminal Antônio de Carvalho.
Entende-se por operação troncalizada o conceito de origem nos bairros e desembarque (transbordo) em terminais, para novo embarque em uma linha troncal, com variados destinos, modelo de sucesso de Curitiba (PR). “Infelizmente esta temática é bastante complexa e ainda hoje pouco se avançou neste modelo tronco-alimentado na cidade e região metropolitana. Justifica-se isso devido ao comportamento do usuário gaúcho e o padrão urbanístico das cidades metropolitanas”, explica o engenheiro Luís Cláudio Ribeiro da Assessoria de Planejamento Estratégico em Mobilidade Urbana (APEMURB) da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Mesmo assim, o Terminal Triângulo qualificou a operação de ônibus na Zona Norte, recebendo linhas transversais e funcionando como ponto de integração urbana e metropolitana de usuários que tinham interesse nestes destinos transversais.
Características do projeto
Uma característica peculiar do projeto do Terminal Triângulo era sua cobertura, que apresentava 3 vãos abertos, sendo objeto de questionamentos dos usuários desde a inauguração devido o desconforto em dias de chuva. Os vãos da cobertura foram fechados em 2012, mas um temporal ocorrido em dezembro de 2014, com ventos superiores a 125 km/h, destelhou algumas áreas da cobertura. Segundo o autor do projeto, os vãos faziam parte do programa de necessidades do cliente (Prefeitura e Estado, à época), que justificava com a necessidade de redução de custos. Ou seja, além do processo normal de manutenção, o Terminal Triângulo está com uma pendência de conserto, no caso, da cobertura.
“A Prefeitura publicou em 2016 um edital de licitação para este serviço, mas infelizmente resultou em certame frustrado, dado que as empresas desistiram de assinar os contratos, talvez em função de contextos ligados à crise econômica”, explica Ribeiro. Na atual administração, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (SMIM) avalia republicar o edital ou estudar uma nova forma de solução para as pendências (de manutenção e conserto) através de parcerias, seja com interessados em explorar os equipamentos púbicos, seja pelos concessionários de ônibus.
Assim como ocorre na maioria das cidades brasileiras, a Administração Pública tem muita dificuldade com o “custeio” de equipamentos públicos, seja por limitações jurídicas, prazos administrativos exíguos, recursos ou ações judiciais em licitações, falta de recursos ou má administração. Outro grande problema é a cultura da depredação, que ocorre sistematicamente e de forma agressiva. Os equipamentos públicos de transporte de Porto Alegre e região metropolitana não fogem à regra e muitos estão hoje em péssimo estado de conservação.
“Rotineiramente, a Prefeitura realiza, através da EPTC, manutenções preventivas e de emergência, como manutenção placas de informação, pisos, iluminação, paisagismo, gradis, sinalização viária, pinturas de edificações, etc. Infelizmente, é rotina haver depredações já na noite do dia da manutenção”, lamenta. No momento, o acesso democrático ao local também está prejudicado. Os elevadores não funcionam, apesar do conserto permanente.
Dados técnicos do Terminal
O Terminal Triângulo recebe passageiros de várias linhas da região nordeste de Porto Alegre e dos municípios de Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí, que seguem viagem em direção ao Centro ou fazem integração com outras linhas, especialmente as transversais da Carris (T1, T6, T7 e T10), além da linha radial L520 (que tem destino no Moinhos de Vento). Além destas linhas, aproximadamente 100 linhas de ônibus urbanos e metropolitanos passam pelo terminal (como um ponto de parada).
Conforme o estudo de demanda de passageiros da EPTC, circulam pelo terminal aproximadamente 38 mil passageiros de ônibus por dia (entre embarques, desembarques e transferências), sendo o maior ponto de integração de passageiros da Região Metropolitana de Porto Alegre depois do Centro da capital. Quanto à origem, 50% são passageiros urbanos e 50% passageiros metropolitanos.
O terminal apresenta uma cobertura curva com pé direito elevado, variando entre 6 e 10 metros, sendo uma estrutura metálica de forma geométrica complexa, caracterizando-se como uma edificação de caráter monumental. A estrutura da cobertura principal é composta por treliças metálicas com elementos de seções variadas e pórticos com arcos de curvatura diferentes em cada eixo. O terminal apresenta também outras áreas cobertas (plataformas anexas), além de coberturas menores e isoladas. O equipamento urbano está instalado numa área de aproximadamente 17.500 m², sendo quase 7.000 m² de áreas cobertas. Destas, cerca de 5.300 m² correspondem à cobertura da plataforma central.