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Promovido pelo CAU/RS em 7 de fevereiro, o 1º Fórum Temático sobre Segurança Municipal em Edificações reuniu cerca de cem arquitetos e urbanistas em Santa Maria. Coordenando o debate, o presidente Roberto Py informou sobre as providências tomadas pelo órgão com relação ao incêndio ocorrido na boate Kiss em 27 de janeiro.
“Dois dias após a tragédia nós estivemos em Santa Maria e conversamos com arquitetos e com o Ministério Público Federal, mas não fomos recebidos pela Prefeitura. Hoje, com este encontro, pretendemos conseguir dos órgãos responsáveis que, no futuro, sejam tomadas todas as precauções para que não ocorra mais nada neste sentido”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Arquitetos do Estado do Rio Grande do Sul, Cícero Alvarez, citou a falta de profissionais com a qualificação necessária nas prefeituras, com competência técnica para avaliar e fiscalizar projetos. Também elencou aspectos que precisam ser repensados no funcionamento da nossa sociedade.
“O tráfico de influência, o dito jeitinho, a falta de responsabilidade de uma cadeia que deveria ser séria, pode trazer consequências nefastas. A cada decisão que tomamos, estamos lidando com vidas e devemos ter sempre essa consciência. Em todas as esferas deve haver esse comprometimento”, avalia.
Cícero lembrou ainda a função primordial das entidades de classe e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de garantir proteção à sociedade e à vida humana. “Contem com o nosso auxílio sempre que for preciso e, se qualquer um de vocês for coagido, não cedam”, disse, colocando as entidades à disposição dos profissionais.
Também sobre a responsabilidade do arquiteto e urbanista, Clarice Debiagi, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – AsBEA-RS, reforçou os cuidados na elaboração de um projeto e preenchimento de um Registro de Responsabilidade Técnica. De acordo com ela, os profissionais devem atuar de maneira complementar para que os trabalhos deem certo.
A presidente da Associação dos Arquitetos de Interiores – AAI Brasil-RS, Sílvia Barakat, chamou a atenção para a fiscalização da arquitetura de interiores. “Muitas vezes este trabalho é deixado de lado, mas uma situação como a ocorrida em Santa Maria demonstra que ele também deve ter uma fiscalização real e séria”, reforça.
Ainda sobre a responsabilidade inerente à profissão e à necessidade de cumprir o que determina a norma técnica da ABNT, o representante do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB-RS, Fábio Müller, salientou que os aspectos plásticos e de beleza de um projeto não podem ferir a segurança da sociedade, característica fundamental do trabalho do arquiteto e urbanista.
Em resposta a uma das principais preocupações da classe, o presidente Roberto Py informou que o CAU/RS aprovou em sua última Plenária o desenvolvimento de uma grande campanha visando a obrigatoriedade de arquiteto e urbanista nas prefeituras.
Outro ponto fortemente discutido diz respeito às reformas que modificam os projetos originais e que, na visão dos participantes, também devem ser registradas e ter sua adequação à lei fiscalizada. Da mesma forma, o uso de materiais corretos e de qualidade – o que, muitas vezes, desagrada o desejo do cliente de menor custo e rápida execução –, também foi classificado como essencial.
O grande público presente, envolvido pela preocupação com a recente tragédia, participou ativamente do debate, expondo suas percepções e experiências. Transmitido ao vivo pela internet, arquitetos e urbanistas de todo país enviaram perguntas e contribuições que nortearam o Fórum.
O resultado desta participação ficará documentado em uma carta que será encaminhada às prefeituras e ao Governo do Estado. Os itens que farão parte do documento foram aprovados pelo grupo durante o encontro e a redação final ficará a cargo dos representantes das entidades.