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Empreendedorismo: negócios inspirados pela arquitetura

Minimod MAPA. Foto: Divulgação

Os crescentes índices de desemprego no Brasil tem sido pauta constante de economistas, autoridades e, inevitavelmente, da população como um todo. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2016, a taxa de desemprego no Brasil bateu recorde, chegando a 12%, o que representa 12,1 milhões de pessoas sem ocupação. Momento oportuno para o surgimento de iniciativas empreendedoras.

A última pesquisa Global Enterpreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae no Brasil, referente ao ano de 2015, aponta que quase 40% dos brasileiros adultos têm uma empresa ou estão envolvidos na criação de uma. Porém, estas iniciativas são muito mais antigas em outras áreas da indústria do que no meio arquitetônico. O modelo de negócios e de trabalho na arquitetura permaneceu o mesmo por muitos anos. É ainda recente a diminuição das equipes de grandes escritórios de arquitetura e o surgimento de pequenos escritórios, de profissionais autônomos e de iniciativas inovadoras na área.

Com a redução dos postos de trabalhos em empresas tradicionais, é necessário que, cada vez mais, os profissionais recém-formados sejam estimulados a desenvolver uma mentalidade mais criativa em relação ao trabalho. E, de fato, parece que há uma busca da categoria por uma orientação neste sentido. De acordo com André Flores, sócio-fundador do Empreendedorismo para Arquitetos – que promove workshops e consultoria para arquitetos empreendedores –, em um ano de funcionamento da empresa, 280 alunos já foram atendidos em sete cidades em todo o Brasil.

Investimentos imobiliários mais acessíveis

Para Lucas Obino, arquiteto e urbanista, sócio da OSPA Arquitetura e Engenharia e fundador da plataforma URBE.ME, a compreensão dos processos de forma integrada contribui para que o arquiteto possa atuar muito além da elaboração de projetos. “Na faculdade há a formação de uma mentalidade mais crítica. Então, todo esse conhecimento pode ser usado para o desenvolvimento de iniciativas, de um pensamento mais analítico, de soluções de problemas”, destaca.

Ao perceber que o segmento do mercado imobiliário ficava sempre restrito a grandes investidores, e ao enxergar na ferramenta do crowdfunding uma possibilidade de promover uma noção colaborativa neste setor, nasceu o URBE.ME. A plataforma possibilita investimentos a partir de R$ 1.000 em empreendimentos imobiliários. Os dois primeiros projetos hospedados na plataforma tiveram uma base de 150 investidores cada um. Para Obino, a plataforma tem também um papel mais amplo de promover o envolvimento da sociedade com o espaço que ela habita. “Isso democratiza o investimento e o próprio debate sobre a construção da cidade. É importante para entender o porquê das coisas. Tanto para as construtoras melhorarem seus produtos, como para a população se tornar mais crítica”, afirma. E completa: “empreendedorismo tem espírito de liberdade, não é motivado pela questão financeira. É para quem tem inquietação, para quem quer mais, coisas diferentes”, diz Lucas Obino.

Construção alternativa em sintonia com a natureza

Silvio Lagranha, do MAPA Arquitetos, criou o sistema Minimod de casas pré-fabricadas. A ideia surgiu em 2006, quando Lagranha ainda morava em Londres, e seu sócio Luciano Andrades desenhou uma casa pré-fabricada para um cliente. Após grande repercussão na mídia especializada, os sócios resolveram desenhar mais uma casa nestes moldes. Com repercussão ainda maior, perceberam que havia ali uma oportunidade de negócio.  Depois de cerca de dois anos de pesquisa e trabalho para entender formas de viabilizar a ideia, saiu do papel o protótipo Minimod Pontal, a primeira a ser construída de fato.

Para Lagranha, o escritório encontrou um nicho não atendido de pessoas que não queriam se envolver com obras em lugares distantes de onde elas vivem. As Minimods são criadas dentro de uma proposta de refúgios funcionais de final de semana e os projetos são pensados para conversar com paisagens específicas. E os aspectos inovadores dos projetos não param por aí. As casas estão ligadas a um pensamento sustentável. “Tem um lado de sustentabilidade muito forte. A madeira usada vem de reflorestamento. É totalmente reciclável. Não usa cimento, tijolo, tem menos desperdício. A perda no aproveitamento da madeira é muito pequena”, destaca o arquiteto. “Por ser uma proposta de negócio pioneira na área, tivemos que encarar processos burocráticos de regulamentação”, afirma Silvio Lagranha. Ele também aponta o entendimento do todo como a parte mais desafiadora para viabilizar o sistema. Afinal, foi preciso entender lógicas do processo de projeto que estão vinculadas a esse campo, ainda novo, da construção industrial. “Inspiração é a menor parte de tudo, o resto é muita transpiração”, destaca.

Minimod MAPA. Foto: Divulgação

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