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Tebas, arquiteto escravizado, ganha homenagem do Google

Um dos principais arquitetos de São Paulo no período colonial, Tebas trabalhou até os 90 anos e só conseguiu alforria aos 58.

O arquiteto Tebas recebeu uma homenagem do Google, com um Doodle, nesta terça-feira (30/06). Joaquim Pinto de Oliveira, nome de nascimento de Tebas, foi um dos mais importantes arquitetos de São Paulo, homem negro escravizado que definiu os traços da arquitetura paulistana no século XVIII, mudando a aparência da capital com sua técnica de talhar e aparelhar pedras.

A homenagem feita pelo buscador é umas das ações para fazer jus à sua importância na vida e estética da cidade. Antes dele, as construções eram feitas principalmente com barro, cujo potencial para esculturas é bem mais reduzido que o da pedra. O arquiteto participou do projeto de restauração do Mosteiro de São Bento e da antiga Catedral da Sé, entre outras obras que até hoje estão de pé.

Tebas trabalhou nos três vértices do triângulo histórico, como é chamada a área formada pelos conventos de São Bento, do Carmo e de São Francisco. Isso porque a Igreja Católica era quem tinha poder e dinheiro à época para pagar esse tipo de construção. Disputado, Joaquim Pinto de Oliveira, foi contratado por corporações religiosas beneditinas, carmelitas e franciscanas.

Igreja da Ordem Terceira do Carmo: fachada de pedra permanece até hoje da forma como Tebas concebeu. Foto: Abilio Ferreira

Seu talento era tanto que o Chafariz da Misericórdia ficou conhecido como “Chafariz do Tebas”. Primeiro chafariz público de São Paulo, o local serviu como ponto de encontro de escravizados para buscar água, de namoros e conversas políticas. O monumento histórico foi demolido em 1866, depois que a capital já contava com água encanada no centro.

A obra foi a mais famosa de Tebas: o Chafariz da Misericórdia, em desenho de José Whasth Rodrigues (1871-1957).

Apesar de o apelido “Tebas” ser popular, ele tem origem incerta. Uma das versões sugere que a alcunha se relacione com a Tebas grega, enquanto outra afirma que ela venha de uma palavra do quimbundo, língua africana da família banta, usada para definir alguém com grande habilidade. O jornalista Abilio Ferreira, organizador do livro “Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata”, aposta na segunda hipótese. “É bem mais provável que o povo do século XVIII conhecesse essa palavra de sua língua ancestral do que a lenda grega do Sófocles”.

O livro é uma das principais fontes sobre a história do arquiteto, que trabalhou até os 90 anos e só conseguiu se livrar da escravidão aos 58, quando conquistou sua alforria. Mesmo com o reconhecimento de seu talento em vida, Tebas só foi reconhecido como arquiteto pelo sindicato da categoria do Estado de São Paulo (Sasp) em 2018, mais de 200 anos após sua morte, em 1811.

Clique aqui para baixar o livro!

Fonte: CAU/BR e TechTudo

 

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